São Paulo, terça-feira, 03 de novembro de 2009

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Preso teve a cabeça enfiada em vaso sanitário

Agente é suspeito de agredir detentos do maior presídio de Santa Catarina, em fevereiro de 2008, com chutes e socos

Funcionário foi afastado preventivamente após a divulgação de cenas da agressão, exibidas anteontem no programa "Fantástico"

DA AGÊNCIA FOLHA

A Secretaria da Justiça de Santa Catarina afastou preventivamente ontem um agente penitenciário suspeito de participar de agressões a detentos do maior presídio do Estado, em fevereiro de 2008. O nome do agente não foi divulgado
Os presos foram agredidos por chutes e socos, arrastados no banheiro e tiveram suas cabeças enfiadas em vasos sanitários. As cenas da agressão, exibidas anteontem no "Fantástico", foram gravadas durante uma operação de transferência de presos na Penitenciária de São Pedro de Alcântara, a 30 km de Florianópolis.
A operação foi realizada no mesmo mês em que três presos foram assassinados dentro da unidade por causa de disputas internas entre grupos rivais. Na época, a crise provocou a suspensão de visitas e a troca do diretor da penitenciária, que abriga hoje 1.190 detentos.
O Ministério Público do Estado informou que irá investigar as agressões.
Em entrevista à TV Globo, o diretor do Deap (Departamento de Administração Prisional de Santa Catarina), Hudson Queiroz, disse que não presenciou nenhuma cena de tortura na operação de fevereiro de 2008, da qual participou. Segundo ele, é preciso ainda checar se as imagens são, de fato, daquela época.
As agressões foram condenadas pelo secretário da Justiça de Santa Catarina, Justiniano Pedroso, que disse não compactuar com atos de violência gratuita. A secretaria abriu processo administrativo ontem para apurar a responsabilidade pelo episódio, que deve ser concluído em 30 dias.
O governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) disse que, caso se apure que os diretores da área tiveram responsabilidade nas agressões, eles serão afastados do cargo.

Tijucas
Em março deste ano, agentes prisionais da penitenciária de Tijucas (50 km de Florianópolis) também receberam denúncias de agressões a presos. Os detentos afirmam que apanharam com cabos de vassoura, pedaços de pau e de borracha.
Na época, um laudo atestou lesões corporais em 143 dos 350 presos examinados. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual.
O diretor do Deap disse à TV Globo que a reação, nesse caso, foi necessária, porque os presos possuíam armas artesanais e estavam dispostos a render um agente durante a operação. A delegada que investiga o caso, porém, diz que os presos já estavam imobilizados quando foram agredidos e que houve crime de tortura. A Folha não conseguiu localizar o diretor ontem. (ESTELITA HASS CARAZZAI)


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