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Preso teve a cabeça enfiada em vaso sanitário
Agente é suspeito de agredir detentos do maior presídio de Santa Catarina, em fevereiro de 2008, com chutes e socos
Funcionário foi afastado preventivamente após a divulgação de cenas da agressão, exibidas anteontem no programa "Fantástico"
DA AGÊNCIA FOLHA
A Secretaria da Justiça de
Santa Catarina afastou preventivamente ontem um agente
penitenciário suspeito de participar de agressões a detentos
do maior presídio do Estado,
em fevereiro de 2008. O nome
do agente não foi divulgado
Os presos foram agredidos
por chutes e socos, arrastados
no banheiro e tiveram suas cabeças enfiadas em vasos sanitários. As cenas da agressão, exibidas anteontem no "Fantástico", foram gravadas durante
uma operação de transferência
de presos na Penitenciária de
São Pedro de Alcântara, a 30
km de Florianópolis.
A operação foi realizada no
mesmo mês em que três presos
foram assassinados dentro da
unidade por causa de disputas
internas entre grupos rivais. Na
época, a crise provocou a suspensão de visitas e a troca do diretor da penitenciária, que
abriga hoje 1.190 detentos.
O Ministério Público do Estado informou que irá investigar as agressões.
Em entrevista à TV Globo, o
diretor do Deap (Departamento de Administração Prisional
de Santa Catarina), Hudson
Queiroz, disse que não presenciou nenhuma cena de tortura
na operação de fevereiro de
2008, da qual participou. Segundo ele, é preciso ainda checar se as imagens são, de fato,
daquela época.
As agressões foram condenadas pelo secretário da Justiça
de Santa Catarina, Justiniano
Pedroso, que disse não compactuar com atos de violência
gratuita. A secretaria abriu processo administrativo ontem
para apurar a responsabilidade
pelo episódio, que deve ser concluído em 30 dias.
O governador Luiz Henrique
da Silveira (PMDB) disse que,
caso se apure que os diretores
da área tiveram responsabilidade nas agressões, eles serão
afastados do cargo.
Tijucas
Em março deste ano, agentes
prisionais da penitenciária de
Tijucas (50 km de Florianópolis) também receberam denúncias de agressões a presos. Os
detentos afirmam que apanharam com cabos de vassoura, pedaços de pau e de borracha.
Na época, um laudo atestou
lesões corporais em 143 dos
350 presos examinados. O caso
está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual.
O diretor do Deap disse à TV
Globo que a reação, nesse caso,
foi necessária, porque os presos
possuíam armas artesanais e
estavam dispostos a render um
agente durante a operação. A
delegada que investiga o caso,
porém, diz que os presos já estavam imobilizados quando foram agredidos e que houve crime de tortura. A Folha não
conseguiu localizar o diretor
ontem.
(ESTELITA HASS CARAZZAI)
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