São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2010 |
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Catador encara risco no pior lixão paulista
Vargem Grande do Sul, no interior do Estado, tem a pior nota dada pela Cetesb na destinação final de resíduos
MAURÍCIO SIMIONATO ENVIADO A VARGEM GRANDE DO SUL Catadores sem luvas nem equipamentos de segurança trabalham noite e dia no lixão em meio a seringas descartadas, caixas de remédios, gazes usadas, CDs, urubus, garças e cachorros. Na entrada, o aviso: "Proibido jogar lixo neste local". A frase "sujeito a penalidades de acordo com a lei" sumiu. Vargem Grande do Sul, cidade do interior paulista a 234 km da capital, teve a pior nota da Cetesb, empresa ambiental do Estado, em relação à destinação do lixo: 1,8. Para ser considerado em situação controlada, é preciso que o aterro recebe nota mínima de 6,1. Para ser adequado, no mínimo 8,1. O local recebe 20 toneladas de lixo por dia. O cenário é de desolação. Lixo hospitalar é queimado sem controle. O lixão recebe todo tipo de material há 33 anos e fica entre uma nascente, um canavial, uma plantação de laranja e uma área de mata nativa. Está a 14 km do centro da cidade. Parte do lixo é incendiada. A fumaça é respirada pelos catadores. Ao menos 12 pessoas arriscam a saúde ali. Com 39 mil habitantes e uma economia baseada no cultivo de batatas, a cidade tem um novo aterro sanitário quase pronto nos padrões exigidos pela Cetesb, mas uma ação civil movida por um vizinho impede seu uso. O aterro, de R$ 1,5 milhão, está parado há um ano. A Justiça exige um estudo de impacto ambiental para liberá-lo, mas a Cetesb alega que, por lei estadual, cidades que produzem até 25 toneladas de lixo por dia não precisam de tal documento. O prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) afirma estar de "mãos atadas". "Você não imagina o quanto é doído para mim. Enquanto a Justiça não suspender a liminar, não consigo resolver", diz ele. CRIANÇAS Os catadores dizem arrecadar cerca de R$ 1.000 por mês com a reciclagem irregular e arriscada. "Já achei de tudo aqui. Outro dia achei e assisti o filme Avatar", diz Luís Carlos Cassian, 34, que trabalha ali há três anos. Em fevereiro, o Ministério do Trabalho encontrou crianças trabalhando no lixão. A prefeitura diz que são distribuídos equipamentos de segurança, mas os catadores resistem a usá-los. O prefeito afirma ainda que guardas municipais impedem a presença de crianças. A prefeitura nega despejar lixo hospitalar no local e diz ter aprovado uma lei para regular esse tipo de despejo. Texto Anterior: Um a cada quatro sacos de lixo vai para local impróprio Próximo Texto: No limite, principal depósito do Rio ameaça baía de Guanabara Índice | Comunicar Erros |
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