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ANÁLISE
Roubo a prédio cresce porque é mais barato para os criminosos
LEANDRO PIQUET CARNEIRO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Cada crime tem sua lógica
e demanda estratégias específicas de prevenção. Os roubos a condomínios são cometidos por grupos organizados. É um crime que exige
planejamento. Dados precisam ser obtidos de um funcionário corrupto ou da observação do alvo. Requer conhecimento e paciência, algo
escasso entre infratores.
É também um tipo de crime no qual os infratores trabalham juntos há algum tempo. Essa é a chave para se entender por que os capturados
têm em média mais de 30
anos. São veteranos, uma vez
que a carreira criminal típica
começa por volta dos 15 anos.
Esse crime exige ainda recursos: armas, telefones, rádios e carros fazem parte do
"kit básico" do assaltante.
Estamos diante de um
exemplo de ação do crime organizado praticada por grupos que migram de uma atividade para outra, ou mudam sua área de atuação.
Os investimentos feitos pelas polícias na repressão ao
sequestro, ao roubo de banco
e de carga aumentaram o
custo desses crimes. A lógica
econômica do crime organizado é simples: quanto maior
o custo, menor os ganhos.
Os roubos a condomínio
aumentaram porque esse tipo de crime ficou mais barato. Pode não ser o mais lucrativo, mas a probabilidade de
captura e condenação representa um custo importante
na decisão dos criminosos.
Condomínios são mais fáceis de serem roubados do
que bancos. No mercado do
crime, os grupos mais organizados são os que ocupam
os melhores nichos e descobrem mais depressa as oportunidades de "negócios".
O problema pode ser controlado com o aumento dos
gastos privados com segurança. A expansão dos serviços que ocorreu nas últimas
décadas tem modificado até
mesmo a forma como é exercido o policiamento público.
E isso não é necessariamente ruim. As ações entre
as polícias e a segurança privada podem ser complementares em vários sentidos e podem produzir benefícios para
toda sociedade, não apenas
para quem paga pelo serviço
privado. O aumento da segurança privada não significa a
erosão do poder do Estado.
Viver em um mundo mais
violento, com mais crimes,
exige maiores gastos com segurança, principalmente o
gasto privado. Essa é uma
resposta racional ao risco.
LEANDRO PIQUET CARNEIRO é cientista
político, responsável pelo setor de
Inovações em Políticas de Segurança
Pública do Núcleo de Pesquisas em
Políticas Públicas da USP.
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