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RIO
Delegado pede que a Justiça proíba filha mais velha do executivo da Shell de deixar o país antes de prestar depoimento
Polícia vê participação da família em crime
DA SUCURSAL DO RIO
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Anthony
Garotinho, indicou ontem que a
polícia tende a concluir que houve
participação de alguém da família
no assassinato do executivo da
Shell Zera Todd Staheli, ocorrido
no último domingo. "O criminoso conhecia em detalhes a própria
casa", afirmou o secretário.
A mulher do executivo, Michelle, 34, também foi atingida. Ela
está hospitalizada em estado considerado gravíssimo.
No início da noite de ontem, o
delegado Carlos Henrique Machado, da Delegacia de Homicídios, afirmou que solicitou à Justiça que impeça a filha mais velha
do executivo, uma adolescente de
13 anos, de deixar o Brasil até que
ela preste depoimento.
Por lei, nenhuma testemunha
pode ser impedida de viajar, segundo o advogado criminalista
Paulo Ramalho. O advogado afirma que, como filha da vítima, a
jovem pode se recusar a depor, e
essa recusa teria amparo no Código de Processo Penal.
De acordo com Ramalho, um
menor de 18 anos, na ausência
dos pais ou de responsáveis legais,
pode depor apenas com autorização da Justiça e o acompanhamento de um psicólogo.
No domingo, horas depois de o
casal ser atacado, a adolescente
chegou a ser interrogada, mas não
assinou o depoimento. Com os
pais, a jovem veio para o Brasil há
três meses. A família morava em
Salt Lake City (EUA).
Staheli foi assassinado em sua
casa no condomínio Porto dos
Cabritos, na Barra da Tijuca (zona
oeste). Sofreu golpes na cabeça,
possivelmente de uma machadinha ou de um cutelo. Trabalhava
na Shell havia dez anos.
No momento do crime, estavam na casa os quatro filhos do
casal: a adolescente de 13 anos,
um menino de dez e duas garotas
de cinco e três anos.
Quatro parentes do casal chegaram ontem ao Rio para cuidar das
crianças e tratar do envio do corpo do executivo para os EUA. Os
pais dele e dois irmãos da mulher
desembarcaram por volta das 6h
em um jato fretado pela Shell.
Michelle está internada no centro de terapia intensiva do Hospital Copa D'Or (Copacabana, zona
sul). Segundo boletim médico divulgado no fim da tarde, o estado
de saúde dela piorou. Houve
aprofundamento do nível de coma e piora neurológica.
O corpo de Staheli foi embalsamado ontem e deve seguir hoje
para os EUA.
"Atípico"
Para Garotinho, o crime foi "atípico". Em duas entrevistas, o secretário afirmou que a hipótese de
latrocínio (roubo seguido de
morte) já foi descartada pela polícia. "Havia ao lado da cabeceira
um relógio Rolex de ouro maciço
e um pote de jóias preciosas. A
empregada vistoriou a casa e objetos caríssimos da família estavam todos ali. Nada foi tocado."
O secretário listou algumas conclusões da polícia: a casa não tem
sinais de arrombamento; o muro
dos fundos foi analisado e não há
indício de que alguém possa tê-lo
escalado para entrar na casa; e a
empregada não participou do crime. "É muito pouco provável que
ela pudesse fazer aquilo tudo com
o requinte de não deixar impressões digitais nem deixar respingar
sangue em lugar nenhum."
De acordo com Garotinho, as
portas da casa são controladas
por um sistema eletrônico. "O
portão só pode ser aberto se alguém apertar o botão dentro da
casa e alguém do lado de fora empurrar. Logo, alguém precisaria
apertar [o botão] de dentro."
Segundo o administrador do
condomínio, J. Carlos, Staheli era
um homem alegre e simpático.
Ele frequentava a Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, da linha mórmon.
O administrador disse que,
além da empregada e do motorista, um pedreiro que já tinha prestado serviços para vários moradores trabalhava na casa dos Staheli.
Cinco seguranças do condomínio que estavam de plantão na
madrugada de domingo já prestaram depoimento.
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