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Matriarca fez primeira bandeira
DA SUCURSAL DO RIO
Os pioneiros da aldeia do Imbuhy chegaram ao trecho hoje
ocupado pelo Exército por volta
de 1880, quando a construção do
forte do Imbuhy, iniciada 20 anos
antes, estava abandonada.
Naquele deserto trecho do litoral fluminense, surgiu uma vila de
pescadores. O forte só teve a construção retomada após a Proclamação da República (1889), sendo
inaugurado em 1901.
A instauração da República em
substituição à Monarquia marcou
a vida da aldeia. Coube então à
hoje considerada matriarca da comunidade, Flora Simas de Carvalho, a dona Iaiá, bordar a primeira
bandeira republicana, encomendada pelo marechal Deodoro da
Fonseca, presidente do país após
a deposição do imperador d. Pedro 2º. Bordadeira renomada à
época, apesar de seus 16 anos, ela
fez a bandeira que foi hasteada em
19 de novembro de 1889. Na data
passou a ser comemorado o Dia
da Bandeira.
Cerca de metade dos 150 moradores da aldeia descendem de dona Iaiá. O pescador Marcelo Carpanedo de Carvalho é seu tataraneto. Ele diz estar preocupado
com a possibilidade de ter que
deixar o lugar onde vive desde
que nasceu. Aos 33 anos, só agora
está completando o primeiro
grau. Sobrevive graças à pesca e a
um bar rústico na praia do Imbuhy. "Se for expulso, não tenho
para onde ir nem onde trabalhar.
Como vou sustentar meus dois filhos?", pergunta ele, para quem a
situação enfrentada pelos moradores chegou ao limite.
O mais antigo morador do lugar
é o aposentado Antônio Nunes
Navega Júnior, 86, funcionário civil do Exército. Ele chegou à aldeia em 1939, casando com a nativa Alaíde dos Santos. É pai do petroleiro Aílton Navega, que preside a associação de moradores. Reticente em dar entrevista, pois diz
temer represálias dos militares,
Aílton Navega afirma apenas que
decidiu resistir ao despejo porque
nasceu e foi criado no lugar.
"Nunca fui de abaixar a cabeça",
limitou-se a dizer.
(ST)
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