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Para atrair estudantes, universidades oferecem
serviços de shoppings
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sala de videogame, salão de
beleza, minishopping, laboratório clínico. Para atrair universitários, instituições particulares de São Paulo têm seguido o modelo norte-americano e investido cada vez
mais em infra-estrutura.
Há casos em que só faltam
os alojamentos. O campus do
Senac em Santo Amaro (zona
sul), que já tinha praça de alimentação e de serviços, como
agência de viagem, inaugurou
em setembro um complexo
esportivo de 15 mil m2 com
três piscinas aquecidas, oito
quadras, pista de cooper e
academia. Os alunos pagam
mensalidade de R$ 100, já
que o serviço é terceirizado.
O uso da biblioteca, no entanto, é livre. É lá que estão,
além de 140 mil títulos, uma
DVDteca gratuita e as salas
de videogame. Gabriel Nascimento, 23, aluno de moda,
tentava bater o recorde no jogo ""Tartarugas Ninja". "Vim
liberar o estresse da aula.
Desconto aqui o que não posso falar para alguns professores", dizia. "Essa sala é um
dos destaques da faculdade."
Depois do almoço, é comum ver vários deles dormindo nos sofás ligados à biblioteca.
No campus da Metodista
em São Bernardo do Campo,
no ABC paulista, os alunos
podem fazer compras e até
sair prontos para festas. Além
de papelaria, livraria, locadora, bancos, lojas de celular e
alimentação, há butiques e
salão de beleza. "Tem aluna
que compra um vestido e sai
pronta para a festa", conta a
vendedora Thaís Rodrigues.
No salão de beleza é difícil
encontrar horário nos intervalos. "A gente não precisa
sair da faculdade e acaba tendo mais tempo para fazer trabalhos, encontrar amigos",
diz Paula Siviero, 20, aluna
do 3º ano de fisioterapia.
O campus Planalto da Metodista, em São Paulo, tem laboratório de análises clínicas.
Na Uniban, há minishoppings com salão de beleza, livraria, lojas, banco, lanchonete, restaurante e academia
terceirizada. A unidade da Vila Guilherme (zona norte)
oferece a estrutura há dez
anos.
Talita Affonso, 25, do 1º
ano de educação física, às vezes mata a primeira aula para
fazer exercícios na academia.
"O horário é o mesmo."
Modelo dos EUA
Especialista em gestão e
marketing educacional, Carlos Monteiro, consultor de
mais de 300 instituições no
país, diz que pelo menos 70%
das universidades particulares têm, no mínimo, praça de
alimentação e banco.
"Quase não existe mais
aquela faculdade só com cantina e sala de cópias. As instituições investem em infra-estrutura, porque a concorrência está muito grande. Como
cursos e mensalidades nessas
entidades são parecidos, serviços são o diferencial."
A inspiração vem dos EUA,
onde é comum a faculdade ter
essa estrutura. O objetivo, dizem gestores, é atrair alunos,
fazer com que fiquem mais
tempo no local e convivam
com colegas de outras áreas.
Mercado
Para educadores, as universidades precisam investir em
estrutura, mas não podem
deixar de lado a qualidade do
corpo docente e do projeto
pedagógico, oferecendo apenas serviços que podem ser
encontrados em qualquer
shopping.
"Universidade é para ensinar, não para ser shopping",
diz Antônio Chizzotti, professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da
PUC-SP. "Claro que é preciso
haver atividades que estimulem o convívio em grupo e a
troca de idéia, mas há limite."
Coordenador do Núcleo de
Ciências Sociais Aplicadas da
Universidade de Mogi das
Cruzes, Adolfo Ignacio Calderón vê nova fase no cenário
universitário. "É a partir da
existência do amplo mercado
que se desenham as tendências nas instituições", diz ele.
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