São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELMO MAMEDE CARVALHO VAZ (1961-2008)

A superação da cegueira pelo esporte

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Era um treino rotineiro com manoplas (luvas acolchoadas), no fim dos anos 90.
Nelas, o campeão brasileiro de boxe na categoria peso-pesado Elmo Mamede batia e se esquivava, surrava de novo e fugia do contragolpe até que a luva do treinador, por acidente, acertou-lhe o olho.
Elmo só se deu conta do ocorrido dois dias depois: havia descolado a retina. "Ele já tinha uma propensão para o problema. Ficou cego de um olho e, do outro, sobrou apenas 35% da visão. É como se visse o mundo por um tubo", lembra o amigo lutador.
Em 30 de outubro de 1997, Elmo havia se consagrado campeão brasileiro, no Rio.
Em 8 de setembro de 1998, em São Paulo, teve de defender o título, sem revelar que estava ficando cego. Perdeu.
Por um tempo, tentou continuar lutando com o segredo. Não durou muito: a federação soube da deficiência e o afastou dos ringues.
"Se alguma vez ficou triste, nunca demonstrou. Ele tinha um forte espírito de superação", conta o amigo.
Faixa preta no caratê e professor numa empresa de formação de vigilantes, migrou para o judô em 2000.
Não demorou muito para se destacar: ganhou brasileiros e disputou o Parapan, no Rio.
Na quinta, quando treinava numa academia, acidentou-se: os 240 kg que erguia caíram-lhe sobre as costas.
No sábado, morreu, no Rio, aos 47, depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória.
Deixa duas filhas.

obituario@grupofolha.com.br



Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Call centers de agências ligadas ao governo são falhos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.