|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELMO MAMEDE CARVALHO VAZ (1961-2008)
A superação da cegueira pelo esporte
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Era um treino rotineiro
com manoplas (luvas acolchoadas), no fim dos anos 90.
Nelas, o campeão brasileiro
de boxe na categoria peso-pesado Elmo Mamede batia
e se esquivava, surrava de novo e fugia do contragolpe até
que a luva do treinador, por
acidente, acertou-lhe o olho.
Elmo só se deu conta do
ocorrido dois dias depois: havia descolado a retina. "Ele já
tinha uma propensão para o
problema. Ficou cego de um
olho e, do outro, sobrou apenas 35% da visão. É como se
visse o mundo por um tubo",
lembra o amigo lutador.
Em 30 de outubro de 1997,
Elmo havia se consagrado
campeão brasileiro, no Rio.
Em 8 de setembro de 1998,
em São Paulo, teve de defender o título, sem revelar que
estava ficando cego. Perdeu.
Por um tempo, tentou
continuar lutando com o segredo. Não durou muito: a federação soube da deficiência
e o afastou dos ringues.
"Se alguma vez ficou triste,
nunca demonstrou. Ele tinha um forte espírito de superação", conta o amigo.
Faixa preta no caratê e
professor numa empresa de
formação de vigilantes, migrou para o judô em 2000.
Não demorou muito para se
destacar: ganhou brasileiros
e disputou o Parapan, no Rio.
Na quinta, quando treinava numa academia, acidentou-se: os 240 kg que erguia
caíram-lhe sobre as costas.
No sábado, morreu, no Rio,
aos 47, depois de sofrer uma
parada cardiorrespiratória.
Deixa duas filhas.
obituario@grupofolha.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Call centers de agências ligadas ao governo são falhos Índice
|