São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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Doações aumentam, e SC precisa agora de mais voluntários

Defesa Civil do Estado alerta, entretanto, que quem quiser viajar para ajudar precisa ter local para dormir e comer

Por falta de espaço para armazenamento, Estados devem esperar até a próxima semana para mandar novas doações

TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ALENCAR IZIDORO
ENVIADO A ITAJAÍ

Além dos problemas causados pelo excesso de chuvas e pelos deslizamentos de terra, alguns municípios de Santa Catarina sofrem agora com a falta de mão-de-obra voluntária. O problema acontece justamente no momento em que as doações ao Estado aumentam.
Faltam pessoas para carregar e descarregar caminhões, separar mantimentos, entregá-los nas casas e cadastrar vítimas.
Em Jaraguá do Sul, onde 7.000 casas foram danificadas e os prejuízos ultrapassaram os R$ 97 milhões, trabalham hoje 30 voluntários -na semana passada, eram cem.
"As pessoas voltaram a trabalhar e retomaram suas vidas", afirma Cíntia Kessler, gerente de desenvolvimento econômico e sustentável da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Jaraguá do Sul.
Em Itajaí, Hilda Deola, uma das coordenadoras de um centro de distribuição e coleta de alimentos, deu uma entrevista à TV local, ontem, para convocar ajudantes. Abordada pela reportagem, antes mesmo de ser questionada, ela disparou: "Está faltando voluntário, muita gente foi embora".
O problema também acontece em Blumenau. Na central de doações montada no parque Vila Germânica, local da Oktoberfest, o número de pessoas não é suficiente e oscila a cada dia, o que causa problemas nos horários de pico, quando caminhões chegam ao mesmo tempo para descarregar.
Apesar de afirmar que há necessidade de voluntários, a Defesa Civil de Santa Catarina alerta para as pessoas de outros Estados que queiram se deslocar para os municípios atingidos para ajudar, que elas devem ter onde dormir e comer.
"Os abrigos já são poucos. Não temos onde colocar quem é de fora", diz Caroline Margarida, responsável pelo setor de doação do órgão.
A diminuição no número de voluntários não é o único problema logístico que os municípios enfrentam. Em Joinville, faltam caminhões para realizar a distribuição e os dois depósitos para guardar os mantimentos já estão quase lotados. Em Brusque também falta espaço para receber mais doações.
Por falta de espaço para armazenamento, a Defesa Civil pediu que os Estados esperem até a próxima semana para mandar novas doações. O órgão orientou que somente mantimentos já separados por tipo -caminhões carregados só com água ou colchões, por exemplo- sejam enviados. Assim, as doações seguirão direto para os municípios afetados.
A situação deve ser normalizada na próxima semana, quando um novo galpão de 10 mil metros quadrados passará a ser usado em Florianópolis.
Em São Paulo, os órgãos que recebem doações pedem que o material seja separado antes de enviado para evitar a necessidade de mais voluntários. Desde quarta, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil já enviou nove caminhões com 160 toneladas de mantimentos.
O Fussesp (Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural de SP) tem lotado três aviões por dia com doações. Já foram enviadas 160 toneladas de água, 27 mil roupas, 17 toneladas de alimentos, 1.050 itens de higiene pessoal, 165 cobertores e 500 colchões, e há doações estocadas.
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) recomendou ontem, a todos os tribunais do país, que os recursos resultantes de aplicação de penas alternativas, como cestas básicas e multas, sejam enviados ao Fundo Estadual de Defesa Civil para auxiliar as vítimas em SC.


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