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Religioso atribui tragédia de SC à "maquiagem"
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BLUMENAU
As mortes durante as chuvas
que atingiram Santa Catarina
ocorreram porque os governantes fizeram "maquiagem" e
"fontes luminosas" nas cidades
em vez de priorizar políticas
urbanas e planejamento, segundo o bispo da diocese de
Blumenau há quatro anos, dom
Angélico Sândalo Bernardino.
Em entrevista à Folha, ele
disse "haver conivência do poder público com especuladores
imobiliários", o que resultou na
ocupação irregular dos morros
onde houve deslizamentos e
mortes no Vale do Itajaí.
O prefeito de Blumenau,
João Paulo Kleinubing (DEM),
e o governador do Estado, Luiz
Henrique da Silveira (PMDB),
já haviam atribuído à chuva
contínua dos últimos quatro
meses as causas principais da
tragédia na região. Silveira chegara a dizer que as regiões onde
houve deslizamentos "nunca
foram áreas de risco".
Para o bispo, evitar a repetição do que aconteceu significa
inverter prioridades. "Por que
há tanto esmero para construir
fontes luminosas e maquiar a
cidade sem solução para os
seus problemas básicos?".
Ao longo dos anos, diz o bispo, os morros da cidade foram
sendo ocupados sem planejamento ou fiscalização. "Por que
as encostas foram cortadas?
Por que o caminho da água que
desce pelos morros não foi respeitado e sua vazão prevista?".
O bispo disse que a tomada
de ações preventivas ficou mais
difícil nas últimas décadas,
quando famílias, auxiliadas pelo poder público, passaram a se
sentir em situação legal nas
áreas de risco. Para o religioso,
tudo começou de fato com cobranças oficiais de água e luz.
O secretário do Planejamento Urbano de Blumenau, Walfredo Balistieri, disse que "uma
das prioridades" da atual gestão sempre foi fazer "levantamentos de área de risco e trabalhar na regulação fundiária".
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