São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2010

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CONFRONTO NO RIO

Estratégia se assemelha à do Haiti

Assim como no Alemão, tropas cercaram favela

Principal diferença se deu na resistência dos criminosos, que foi bem maior e durou quase um ano no país caribenho

LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO

A tomada do Complexo do Alemão foi semelhante às operações de pacificação conduzidas por tropas da ONU, comandadas pelo Brasil, na favela de Citè Soleil, no Haiti, entre 2006 e 2007. Nos dois casos foi preciso um cerco para encurralar os criminosos. Também nos dois casos, muitos fugiram.
No Haiti houve mais resistência. Por causa disso, a ação em Citè Soleil precisou de várias fases. Já no Alemão tudo ocorreu em duas horas.
No Haiti, as tropas conquistavam uma região, construíam bases permanentes e avançavam para a seguinte. O processo ocorreu de maio de 2006 a março de 2007.
Os soldados da ONU tinham respaldo legal mais sólido. Obedeciam às leis da ONU e tinham autorização para matar em caso de ameaça, sem necessidade de que o adversário atirasse primeiro.
Não precisavam de mandado para entrar na casa onde estavam rebeldes e podiam prendê-los -depois do interrogatório, tinham de entregá-los à polícia haitiana.
Segundo o coronel da reserva do Exército Cláudio Barroso Magno, que comandou operações em Citè Soleil, apesar de as tropas da ONU também terem sido incapazes de impedir a fuga de criminosos, desde março de 2007 não há confrontos.
"Nosso foco no Haiti foi mudar a atitude da população, que deixou de aceitar a dominação dos bandidos. O Rio pode usar essa mobilização e a união das forças de segurança para dar os novos passos para a pacificação", afirmou o coronel Magno.

PARCERIA
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse ontem em Buenos Aires que a parceria com as Forças Armadas permitirá que o governo mantenha seu cronograma de instalação de UPPs. "A operação do [Complexo do] Alemão gerou um ganho na estratégia e no planejamento muito grande", disse.

Colaborou GUSTAVO HENNEMANN, de Buenos Aires


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