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Detentos teriam pedido socorro
DA REPORTAGEM LOCAL
O estado de saúde de Fernando
Dutra Pinto piorou na noite de
domingo, na cela onde estava
trancado com mais 11 detentos,
incluindo o irmão, Esdra. Sentia
falta de ar e, apesar do pedido dos
demais presos, não conseguiu sair
dali para o pronto-socorro. Acabou na enfermaria do presídio,
onde não havia médico de plantão, e voltou para a cela.
Ele somente seria examinado
pelo médico do CDP, Ricardo Cezar Cypriani, no dia seguinte.
O relato do incidente faz parte
de uma carta apócrifa atribuída a
detentos do CDP do Belém e enviada anteontem à advogada do
sequestrador Maura Marques.
Nela, dois detentos -vê-se pela
diferença de caligrafia em dois diferentes trechos- narram que
chamaram agentes penitenciários
para ver o estado de Dutra Pinto.
Isso foi por volta de 20h ou 21h.
""O Fernando piorou [na segunda vez que pediram" e novamente
chamamos os funcionários, que
mais uma vez nos ludibriou (sic)
dizendo que teriam de telefonar
para o diretor (...). Na real, eles
mesmos alegaram que não tinha
escolta", afirma trecho da carta.
Os agentes, de acordo com os
detentos não-identificados, teriam dito que policiais civis e militares não queriam acompanhar o
preso até o hospital.
A carta continua dizendo que
faltava médico nessa noite -ele
trabalha de dia- e que a prescrição ficava sob a responsabilidade
de outros funcionários.
O secretário da Administração
Penitenciária do Estado, Nagashi
Furukawa, disse ontem que desconhecia o incidente de domingo
e que ""não irá apurar o caso" por
entender que não há relação com
a morte do preso. ""Se procede ou
não procede, não sei. Apuro as
coisas relevantes", afirmou.
O juiz-corregedor dos presídios
de São Paulo, Octávio Augusto
Machado de Barros, no entanto,
ao ser informado pela Folha da
carta, disse que abriria sindicância para apurar o tipo de atendimento médico prestado ao detento dentro do CDP do Belém.
Esse não será o primeiro procedimento da Corregedoria para investigar o sistema médico das prisões de São Paulo. ""Há vários processos em andamento examinando a situação em hospitais ou a
falta deles", diz ele.
Desde a morte de Dutra Pinto,
integrantes do PCC estão protegendo o irmão dele, Esdra, que
ainda continua no mesmo CDP
do Belém. A facção criminosa pode ser a autora da carta apócrifa
que saiu do CDP.
(AS)
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