São Paulo, quinta-feira, 04 de janeiro de 2007

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Gestão Lula não enviará Força ao Rio agora

Diferentemente do que queria o governador, equipes só irão agir nas divisas; não foram definidos data nem efetivo para isso

Proposta de ter tropas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ao redor de prédios militares depende do aval do presidente

Osvaldo Praddo/Agência O Dia
Policiais militares com gasolina, metralhadora, pistola e granada apreendidos no morro da Mineira; o material seria usado, segundo a PM, em possíveis ataques

RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES

DA SUCURSAL DO RIO

O governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), fracassou na tentativa de receber de imediato, como pretendia, integrantes da Força Nacional de Segurança Pública para trabalhar na repressão à criminalidade. Não há data definida para o envio da Força.
O pedido de mobilização da Força Nacional o mais rápido possível foi feito por Cabral, 43, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia da posse. Mas a proposta não se concretizou em reunião ontem com o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, comandantes militares e representantes das polícias Federal, Civil e Militar.
O governador ouviu de Corrêa que não tem condições de acionar a Força para ir logo ao Rio, onde desde a semana passada criminosos atacam unidades e carros da polícia, prédios públicos e queimam ônibus -19 pessoas morreram.
O secretário nacional apresentou, e Cabral aceitou, a contraproposta de que os agentes da Força atuarão nas divisas do Estado do Rio com São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, a fim de desenvolver com as polícias estaduais e federais um trabalho conjunto de patrulhamento de estradas.
Essa ocupação das divisas não tem data nem efetivo. A Folha apurou que não irão para o Rio, nessa primeira fase, mais do que 500 dos 7.600 homens e mulheres, de todo o país, que integram a Força Nacional. A expectativa inicial era que 7.000 pessoas seriam enviadas ao Rio de imediato.
No ano passado, cerca de 170 integrantes da Força foram enviados ao Espírito Santo após uma onda de rebeliões em presídios e ataques a ônibus. Em Mato Grosso do Sul, foram 200 -também por conta de motins.
Questionado após a reunião sobre o que farão os agentes da Força Nacional nas divisas, Cabral Filho disse que impedirão a entrada de armas e drogas e evitarão que "os marginais" empreguem "a estratégia" de circular pelas rodovias.
Ele foi evasivo ao falar sobre a falta de definição quanto à prometida ação da Força Nacional contra os criminosos fluminenses. Alegou que são questões sigilosas que não podem ser detalhadas publicamente.
"Vai se estruturar isso. Não é feito do dia para a noite", afirmou Cabral, para quem o uso de mais profissionais da Força Nacional estará "fundamentalmente" vinculado ao plano de segurança montado para o Pan-2007 em julho.
O discurso diverge das declarações dadas pelo próprio governador na segunda-feira. "É preciso dar uma resposta imediata a esses marginais e facínoras", disse ele, logo após a posse de Lula. Cabral também não conseguiu convencer os três comandantes regionais militares a patrulhar os entornos dos prédios que ocupam no Estado, como falou anteontem.
O general Luiz Cesário (Exército), o vice-almirante José Antônio de Castro Leal (Marinha) e o major-brigadeiro Aílton Pohlmann (Aeronáutica) disseram que o pedido tem que ser submetido antes a Lula e ao Ministério da Defesa.
Na reunião, o governador conseguiu dos militares, que fizeram críticas pesadas à atuação das polícias estaduais, o fornecimento de helicópteros e barcos para operações e missões de patrulhamento, além de treinamento de pessoal e troca de informações na área de inteligência. Os militares disseram que a sensação de insegurança no Rio é total e que é preciso "começar tudo do zero".
No próximo dia 9, no Rio, haverá uma reunião de Cabral Filho com os governadores de São Paulo, José Serra (PSDB), Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB).


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