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Diarista do governador do RJ morre na fila do hospital
Vítima de infarto, ela ficou quase 6 horas no corredor; hospital diz que foi dado auxílio
Governador diz que saúde no Estado vive situação de calamidade pública e que
a unidade visitada por ele "não salva vidas, mas mata"
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Um dia depois de sua diarista
ter morrido na fila por atendimento em um hospital público,
o governador do Rio de Janeiro,
Sérgio Cabral Filho (PMDB),
visitou ontem o hospital estadual Albert Schweitzer e voltou
a fazer duras críticas à gestão
anterior, de Rosinha Matheus
(também PMDB). Para ele, naquele hospital "não teve governo" e a situação da saúde no Estado é de "calamidade pública".
Cabral nem precisava ir a
uma unidade de saúde para vivenciar de perto o caos dos hospitais: Rosa Maria Aparecida
Cesar, 40, diarista do governador, morreu de infarto anteontem no hospital municipal Souza Aguiar. Segundo o marido
dela, José Inácio Mendes, ela
esperou quase seis horas para
ser atendida após sentir fortes
dores no peito e morreu no corredor, em uma maca.
Ontem, ao comentar a morte
de sua diarista, ele disse que o
caos na saúde do Rio não é uma
exclusividade do Estado. "A situação da saúde é dramática. A
Rosa, que trabalhava lá em casa, sofreu [na pele]. O marido
foi levá-la ao Souza Aguiar, não
diagnosticaram direito e ela infelizmente faleceu. É uma roleta-russa o atendimento feito
nos hospitais públicos do Rio."
A assessoria de imprensa da
Secretaria Municipal da Saúde
afirmou que todo o atendimento necessário para Rosa foi dado. O hospital Souza Aguiar é ligado à prefeitura, administrada
por Cesar Maia (PFL).
No caso da situação do hospital estadual Albert Schweitzer,
Cabral chegou a dizer que era
um caso de polícia e que acionaria o Ministério Público Estadual para punir os responsáveis pela situação. Ele afirmou
que ali não "se salvam vidas,
mas se matam" e chegou a chamar de "genocídio" o descaso
do governo estadual com os pacientes. Na emergência, Cabral
viu pessoas nos corredores, jogadas em macas, esperando resultados de exames há dias. "Eu
me pergunto por que chegou a
esse ponto. Tudo o que foi recebido de informação [durante a
transição] é pouco. A transição
foi péssima", afirmou.
Na sala de raio-X, um tomógrafo estava fechado há dois
anos. No almoxarifado, fraldas
geriátricas, seringas plásticas e
coletores de urina estavam jogados em caixas sobre poças de
água. O governador determinou que o Corpo de Bombeiros
resolva o problema. O hospital
atende a uma média de 600 pacientes a cada dia.
Até o fechamento desta edição, a Folha não havia conseguido contato com os assessores do ex-secretário de Saúde
Gilson Cantarino e da ex-governadora Rosinha Matheus.
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