São Paulo, quinta-feira, 04 de janeiro de 2007

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Diarista do governador do RJ morre na fila do hospital

Vítima de infarto, ela ficou quase 6 horas no corredor; hospital diz que foi dado auxílio

Governador diz que saúde no Estado vive situação de calamidade pública e que a unidade visitada por ele "não salva vidas, mas mata"

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Um dia depois de sua diarista ter morrido na fila por atendimento em um hospital público, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), visitou ontem o hospital estadual Albert Schweitzer e voltou a fazer duras críticas à gestão anterior, de Rosinha Matheus (também PMDB). Para ele, naquele hospital "não teve governo" e a situação da saúde no Estado é de "calamidade pública".
Cabral nem precisava ir a uma unidade de saúde para vivenciar de perto o caos dos hospitais: Rosa Maria Aparecida Cesar, 40, diarista do governador, morreu de infarto anteontem no hospital municipal Souza Aguiar. Segundo o marido dela, José Inácio Mendes, ela esperou quase seis horas para ser atendida após sentir fortes dores no peito e morreu no corredor, em uma maca.
Ontem, ao comentar a morte de sua diarista, ele disse que o caos na saúde do Rio não é uma exclusividade do Estado. "A situação da saúde é dramática. A Rosa, que trabalhava lá em casa, sofreu [na pele]. O marido foi levá-la ao Souza Aguiar, não diagnosticaram direito e ela infelizmente faleceu. É uma roleta-russa o atendimento feito nos hospitais públicos do Rio."
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Saúde afirmou que todo o atendimento necessário para Rosa foi dado. O hospital Souza Aguiar é ligado à prefeitura, administrada por Cesar Maia (PFL).
No caso da situação do hospital estadual Albert Schweitzer, Cabral chegou a dizer que era um caso de polícia e que acionaria o Ministério Público Estadual para punir os responsáveis pela situação. Ele afirmou que ali não "se salvam vidas, mas se matam" e chegou a chamar de "genocídio" o descaso do governo estadual com os pacientes. Na emergência, Cabral viu pessoas nos corredores, jogadas em macas, esperando resultados de exames há dias. "Eu me pergunto por que chegou a esse ponto. Tudo o que foi recebido de informação [durante a transição] é pouco. A transição foi péssima", afirmou.
Na sala de raio-X, um tomógrafo estava fechado há dois anos. No almoxarifado, fraldas geriátricas, seringas plásticas e coletores de urina estavam jogados em caixas sobre poças de água. O governador determinou que o Corpo de Bombeiros resolva o problema. O hospital atende a uma média de 600 pacientes a cada dia.
Até o fechamento desta edição, a Folha não havia conseguido contato com os assessores do ex-secretário de Saúde Gilson Cantarino e da ex-governadora Rosinha Matheus.


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