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Guarujá já estuda tirar quiosques da areia
Para secretário municipal de Meio Ambiente, essa é "a única saída honrosa" para evitar diminuição da praia da Enseada
Segundo oceanógrafo, só retirar barracas não resolve problema -é preciso que a urbanização leve em conta as mudanças climáticas
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura do Guarujá quer
transferir os 98 quiosques instalados na praia da Enseada para o calçadão como uma forma
de oferecer mais espaço ao banhista. A praia, que tem 7 km de
extensão, vem diminuindo de
tamanho, mas ainda não existem estudos que indiquem a dimensão do dano.
"O avanço do mar e a ocupação desordenada dos quiosques
ao longo dos anos estão acabando com a praia, com o espaço
público. A única saída honrosa
é retirar os quiosques da areia",
diz o secretário municipal de
Meio Ambiente, Elson Maceió.
"Freqüento a Enseada há 20
anos e nunca vi uma situação
dessa. Cada centímetro de
praia está sendo disputado
quase que no tapa", diz a publicitária Ludimila Castro, 41.
Mas só a retirada dos quiosques não deve resolver o problema, avalia o oceanógrafo Fabrício Gandini, do Instituto
Maramar, que participa de um
grupo de trabalho criado pela
prefeitura para estudar soluções para a Enseada.
Segundo Gandini, no passado, o planejamento urbanístico
não considerou a oscilação das
marés. "Foi construída uma
avenida onde antes era praia.
Além disso, a grande ocupação
da areia interfere na dinâmica
da praia. Existia um aporte de
sedimentos que desapareceu."
Para ele, um projeto de urbanização da Enseada tem que levar em conta as mudanças climáticas. Hoje, o trecho passa
por reformas que não estariam
levando em conta o fenômeno.
"O trabalho de urbanização
da orla não está considerando
essa nova dimensão do problema. O mar está chegando e a
erosão está avançando. Como
você vai fechar a parede da sua
casa se amanhã vai ter que quebrar de novo?", questiona.
Além disso, Gandini diz que a
reforma do calçadão, em curso,
não prevê espaço para os quiosques, que hoje estão na areia.
O secretário Elson Maceió
garante que projeto de urbanização está levando em consideração as mudanças climáticas e
a necessidade de transferência
dos quiosques, mas não entrou
em detalhes sobre a obra.
Massaguaçu
A erosão praticamente extinguiu o canto esquerdo da praia
de Massaguaçu (Caraguatatuba), avançou no continente e
destruiu trechos do acostamento da rodovia Rio-Santos.
Com o risco de deslizamento,
o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) interditou
um trecho de 2 km de acostamento da rodovia, em setembro do ano passado, após tentativas inúteis de conter a erosão.
Agora, o órgão está refazendo
estudos para uma solução alternativa. Para a pesquisadora
Célia Souza, do Instituto de
Geologia, será necessário pensar em mudar o traçado da rodovia naquele trecho.
A Prefeitura de Caraguatatuba, sem condições técnicas para avaliar que medidas podem
ser tomadas para conter o processo, pediu auxílio do governo
José Serra (PSDB).
O DER tentou realizar uma
obra para recuperar a área destruída e impedir que o problema voltasse a ocorrer, mas uma
nova ressaca pôs fim à obra, hoje abandonada.
(CLÁUDIA COLLUCCI E JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)
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