São Paulo, segunda-feira, 04 de fevereiro de 2008

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Vila Isabel e CUT, juntas, mostram luta dos trabalhadores

DA SUCURSAL DO RIO

Diz o principal refrão da Unidos de Vila Isabel: "Hoje é dia do trabalhador/ Que conquistou o seu lugar/ E vai nossa Vila fazendo história/ Pra luta do povo eternizar". Para os cerca de cem sindicalistas da CUT (Central Única dos Trabalhadores) que integram a ala Metalúrgicos do ABC, cantá-lo na próxima madrugada, no sambódromo, significará reverenciar o ex-metalúrgico e hoje presidente Lula.
"Na nossa visão, é uma menção clara a Lula. O enredo é favorável ao mundo do trabalhador, e eleger alguém oriundo da classe trabalhadora foi uma conquista muito importante para nós", afirma o primeiro-secretário nacional da CUT, Adeilson Telles.
Mas o carnavalesco da Vila, Alex de Souza, ressalta que "Trabalhadores do Brasil" é um enredo "todo crítico" e procura afastar qualquer suspeita de chapa-branquismo. "Lula não é nem citado. As greves do ABC [do final dos anos 70] são porque fazem parte da história. Mas não há marketing político de ninguém. Não procuramos ser partidários. Somos politizados, não politiqueiros", diz Souza.
Na comitiva da CUT na avenida, estará o deputado federal Vicentinho (PT-SP), ex-presidente da central. Ele disse, na semana passada, estar decorando o samba para não fazer feio na sua segunda participação na festa carioca."Lula é parte ativa da história dos trabalhadores, que é o tema da escola. O tema tem a ver com ele e com todos nós."
O governo estará representado na escola pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT). A assessoria do ministro diz que o PDT foi procurado pela Vila no início de 2007 para contribuir com informações sobre o trabalhismo.
A CUT também ressalta o "apoio institucional", negando qualquer injeção financeira ou participação na busca de verbas -três empresas estão patrocinando a escola.
"O que nos coube, desde o início, foi dar um suporte histórico, oferecer a perspectiva do trabalhador para valorizá-lo", diz Telles. "O apoio da CUT foi junto à presidência da escola, para mobilizar alguns gatilhos, não tanto no enredo", conta Souza.
Segundo o carnavalesco, o tom crítico virá, por exemplo, em menções ao trabalho escravo, de ontem e hoje, ao mito -"racista", para ele- de que o brasileiro é ocioso e à exploração da mão-de-obra infantil.
O único político representado é Getúlio Vargas, cuja alegoria é uma estrutura de aço, alusão à Companhia Siderúrgica Nacional. "Independentemente de ele ter sido ditador, não tem como não falar dele, por causa das conquistas trabalhistas", explica Souza. (LFV)


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