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Filho mata a mãe adotiva ao ser liberado de hospital
Rogério Cosso teve licença para sair de hospital; médicos que autorizaram a saída podem responder por co-autoria no homicídio
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um paciente que sofria de esquizofrenia e estava internado
há menos de um mês no Hospital do Mandaqui, na zona norte
de São Paulo, recebeu licença
médica para passar o Carnaval
em casa com a família e matou a
facadas sua mãe adotiva, uma
aposentada de 76 anos.
A polícia disse que os médicos que autorizaram a saída do
paciente do hospital podem
responder por co-autoria no
homicídio.
Rogério Cosso, 31, recebeu a
licença para sair da ala de psiquiatria do hospital na sexta-feira passada e foi para a casa da
mãe adotiva, Terezinha Gonçalves Cosso, 76, no Parque
Edu Chaves, zona norte.
A filha da aposentada, uma
secretária de 55 anos que não
teve o nome revelado, estranhou o fato de Terezinha não
atender a seus telefonemas e
foi ao sobrado onde a mãe morava. Como ninguém atendia à
porta, ela avistou, por uma janela, o irmão adotivo aparentemente inconsciente, e então
chamou a Polícia Militar.
A porta da casa foi arrombada e os soldados da PM encontraram Cosso caído no chão da
sala. O corpo de Terezinha foi
encontrado no andar de cima
com cortes no pescoço. A faca
usada no crime foi encontrada
ao lado da aposentada, segundo
a polícia. Segundo a Secretaria
de Estado da Saúde, Cosso teria
tentado suicídio após o crime,
mas a informação não foi confirmada pela polícia.
A secretária disse em seu depoimento que o irmão já havia
apresentado comportamento
"estranho e agressivo" em outras ocasiões. Ele havia sido
adotado aos dois meses.
Cosso, segundo ela, apresentava quadro clínico de esquizofrenia, uma doença que pode
ocasionar a fragmentação da
personalidade do paciente e
também fazer com que ele perca contato com a realidade. A
doença, porém, pode ser tratada e o paciente pode viver em
família e trabalhar.
Vizinhos confirmaram as
agressões à mãe e à irmã.
Embora tenha sido levado de
volta para o hospital, Cosso foi
indiciado pelo crime de homicídio qualificado. Por causa de
seu quadro clínico, ele pode ser
considerado inimputável pela
Justiça, mas isso dependerá de
laudo elaborado por psiquiatras forenses.
Licença
A decisão de dar uma licença
de quatro dias para Cosso partiu de uma junta médica do
Hospital do Mandaqui e foi autorizada por familiares do paciente, segundo a Secretaria de
Estado da Saúde, responsável
pelo hospital.
A licença era o primeiro passo para a alta médica definitiva.
Se o paciente se adaptasse ao
convívio com a mãe, seria liberado definitivamente.
Os médicos que autorizaram
sua saída serão interrogados
em até dez dias. Eles podem ser
indiciados por co-autoria de
homicídio qualificado se for
constatado erro médico.
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