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Saburo Bajo e seus 100 anos de história
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sentado sobre as pernas
cruzadas, o homem de 100
anos miúdo fazia origamis
para passar o tempo.
Saburo Bajo o tinha de
sobra para lembrar dos
prós e contras de um século de história.
Nasceu em uma
Hiroshima antes da bomba
atômica e chegou a Santos
no dia 29 de dezembro de
1924, a bordo do navio
Awa-Maru.
Veio, como outros japoneses crentes na propaganda oficial, para ganhar
"muito dinheiro fácil".
Foi trabalhar como colono nas lavouras de café do
interior paulista. Por mais
de dois anos passou fome
-dizia que chegara a comer carne de macaco- e
medo, pois um irmão morreu assassinado e outro de
pneumonia.
Tempos depois, conseguiu sair da colônia, comprar um sítio, ter filhos.
Até que um dos filhos
deu ao pai a idéia da fábrica
de doces Bajo, em Dracena
(SP), em 1950.
A fábrica ficaria aberta
por 20 anos, até ser transferida para Osasco -Bajo
sempre à frente dos negócios, até 1984, quando decidiu se aposentar.
Preocupado com a saúde
"desde quando ainda era
jovem, aos 60", Bajo pedalava e caminhava.
E havia os origamis. Centenas de patinhos de papel
enchiam seu quarto.
Muitos ele dera no dia 20
de setembro de 2007,
quando a família se juntou
para comemorar o centenário do patriarca, com um
bufê de sushi e vídeo biográfico no salão.
Em setembro, quando
faria 101 anos, seria lembrado pelo centenário da
imigração japonesa no
Brasil. E estava ansioso para ver o príncipe Naruhito,
em sua visita ao país. Não
deu tempo.
Quando Saburo Bajo
morreu no dia 23 de janeiro de pneumonia, aos 100
anos, havia deixado um clã
inteiro no Brasil, em quatro gerações de descendentes -teve oito filhos,
36 netos, 52 bisnetos e 11
tataranetos.
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