São Paulo, segunda-feira, 04 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Saburo Bajo e seus 100 anos de história

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sentado sobre as pernas cruzadas, o homem de 100 anos miúdo fazia origamis para passar o tempo.
Saburo Bajo o tinha de sobra para lembrar dos prós e contras de um século de história.
Nasceu em uma Hiroshima antes da bomba atômica e chegou a Santos no dia 29 de dezembro de 1924, a bordo do navio Awa-Maru.
Veio, como outros japoneses crentes na propaganda oficial, para ganhar "muito dinheiro fácil".
Foi trabalhar como colono nas lavouras de café do interior paulista. Por mais de dois anos passou fome -dizia que chegara a comer carne de macaco- e medo, pois um irmão morreu assassinado e outro de pneumonia.
Tempos depois, conseguiu sair da colônia, comprar um sítio, ter filhos.
Até que um dos filhos deu ao pai a idéia da fábrica de doces Bajo, em Dracena (SP), em 1950.
A fábrica ficaria aberta por 20 anos, até ser transferida para Osasco -Bajo sempre à frente dos negócios, até 1984, quando decidiu se aposentar.
Preocupado com a saúde "desde quando ainda era jovem, aos 60", Bajo pedalava e caminhava.
E havia os origamis. Centenas de patinhos de papel enchiam seu quarto.
Muitos ele dera no dia 20 de setembro de 2007, quando a família se juntou para comemorar o centenário do patriarca, com um bufê de sushi e vídeo biográfico no salão.
Em setembro, quando faria 101 anos, seria lembrado pelo centenário da imigração japonesa no Brasil. E estava ansioso para ver o príncipe Naruhito, em sua visita ao país. Não deu tempo.
Quando Saburo Bajo morreu no dia 23 de janeiro de pneumonia, aos 100 anos, havia deixado um clã inteiro no Brasil, em quatro gerações de descendentes -teve oito filhos, 36 netos, 52 bisnetos e 11 tataranetos.


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Chuva mata 6 mulheres e 3 crianças no Rio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.