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Chuva mata 6 mulheres e 3 crianças no Rio
Tempestade provocou desabamentos, inundação, queda de barreiras e afundamento de pista em rodovia na região serrana
Em menos de uma hora, choveu em Itaipava o equivalente ao volume de chuvas das três últimas semanas, diz Defesa Civil
R. Buys/Agência Globo
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Corpo de vítima é retirado do local onde ocorreu desmoronamento por causa da chuva, em Petrópolis
MALU TOLEDO
ENVIADA ESPECIAL A ITAIPAVA (RJ)
RAQUEL ABRANTES
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Pelo menos nove pessoas
morreram ontem de madrugada soterradas por encostas que
desmoronaram, por causa da
chuva, no distrito de Itaipava,
em Petrópolis (região serrana,
a 60 km do Rio). As vítimas são
seis mulheres e três crianças.
De acordo com a Defesa Civil
do Estado do Rio, outras nove
pessoas ficaram feridas. O órgão informou que, em menos
de uma hora, choveu em Itaipava o equivalente ao volume de
chuvas registrado nas três últimas semanas.
A região mais atingida foi o
bairro Madame Machado, cujo
principal acesso é a estrada do
Gentio. Ali, o rio Santo Antônio
inundou condomínios de veraneio. Casas foram alagadas, algumas delas até o teto, segundo
disse à Folha, por telefone, o
comandante da Defesa Civil,
coronel Djalma Souza Filho.
O rio fica às margens da estrada do Gentio e da BR-495,
que liga Itaipava à vizinha Teresópolis. Houve desmoronamentos tanto de um lado quanto de outro. A força da enxurrada arrastou carros estacionados no Gentio e na rodovia.
Itaipava é uma das áreas nobres da região serrana fluminense. Atração turística da serra, o distrito costuma lotar no
Carnaval. Além dos condomínios instalados nos vales e
montanhas, Itaipava tem hotéis e pousadas destinados a turistas de alta renda.
Ao longo da estrada do Gentio, que começa na rodovia que
liga Itaipava a Teresópolis, várias barreiras deslizaram. Todos os nove mortos foram vitimados pelos deslizamentos de
terra, pedras, lama e vegetação,
relatou Souza Filho. Eram moradores da região, não turistas,
afirmou o comandante.
O governador do Estado do
Rio, Sérgio Cabral (PMDB),
atribuiu às ocupações irregulares a causa dos deslizamentos.
"Entra ano e sai ano, o problema se repete com maior ou menor intensidade, em função da
ocupação, sobretudo em Petrópolis", afirmou.
"Dizer não à ocupação irregular é doloroso, mas vai impedir, a médio e longo prazos, que
isso ocorra de novo", disse. Cabral afirmou que enviou para o
local técnicos da Defesa Civil,
Bombeiros e pessoal das secretarias de Saúde, Segurança e de
Obras, "em que pese a estrada
União Indústria [local dos deslizamentos] ser federal".
As vítimas
As vítimas foram identificadas no IML de Petrópolis: Douglas de Castro Barbosa, 5, e sua
bisavó, Maria Isabel da Conceição Silva, 72; Fátima Maria Nicodemos, 43; Lilian Alice Rodrigues Pereira, 39; Érica Corrêa Santos Silva, 21; e Maria do
Carmo, 50. Também morreram
as primas Amanda Machado, 5,
e Maria Eduarda Cordeiro, 5.
A nona vítima é Josélia Cordeiro, 27, mãe de Maria Eduarda e tia de Amanda.
A tempestade causou ainda o
afundamento da pista BR-495
na altura do km 15. A rodovia
foi interditada. A Polícia Rodoviária Federal informou que
não há previsão para a reabertura. A alternativa para quem
sai de Petrópolis com destino a
Teresópolis é descer a serra até
o município de Magé (Baixada
Fluminense), subindo novamente pela rodovia BR-116.
No município do Rio, embora
a chuva tenha sido constante,
não houve ocorrências graves.
Na rodovia Dutra (Rio-São
Paulo), ocorreu um deslizamento de terra na pista sentido
Rio, na altura da cidade de Barra Mansa. Ninguém ficou ferido. A Polícia Rodoviária interditou a faixa junto à barreira.
O Instituto de Meteorologia
divulgou que as chuvas continuarão intensas no Estado do
Rio até amanhã de manhã. Hoje, de acordo com órgão, o tempo permanecerá encoberto,
com pancadas de chuvas. A previsão vale para a região metropolitana do Rio e para as cidades serranas -Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e
Bom Jardim, entre outras.
Colaborou ELVIRA LOBATO, da Sucursal do Rio
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