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Deportada da Espanha, mulher mora por 18 dias em aeroporto de Salvador
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Deportada da Espanha, sem
dinheiro para a passagem e
com poucas peças de roupa
dentro de um saco de lixo,
Cássia -uma dona-de-casa de
32 anos- morou, por 18 dias,
no aeroporto internacional
Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador (BA).
Ontem à tarde, comovidos
com o drama da mulher, funcionários do aeroporto fizeram uma "vaquinha" e compraram uma passagem para
ela ir até Goiânia. De lá, seguirá hoje, de ônibus, para a sua
cidade, Palmeirópolis (458
km de Palmas) -custo também arcado pelos "amigos".
Cássia disse que deixou a cidade natal há quase três anos
para trabalhar como empregada doméstica em Madri.
"Comecei a trabalhar logo que
cheguei e, todo mês, mandava
100 para a minha família."
No começo deste ano, porém, o setor de imigração descobriu que ela estava clandestinamente no país. "Não tive
tempo para nada. Eles me disseram que eu tinha de deixar o
país imediatamente. Assim,
fui deportada para Salvador,
cidade que não conhecia", desembarcando no dia 16.
Segundo o chefe da Polícia
Federal no aeroporto, Francisco Miguel Gonçalves, pela
lei de imigração, o país que deporta não tem a obrigação de
encaminhar a pessoa para a
sua cidade natal. "O único
compromisso é mandar para
o país de origem."
Por meio de sua assessoria,
a Infraero (estatal que administra os aeroportos) informou que a dona-de-casa não
foi "despejada" do aeroporto
porque não representou perigo. Além disso, segundo a Infraero, ela ficou em área pública, sem causar transtorno.
Durante o tempo em que
permaneceu ali, Cássia sobreviveu da solidariedade dos
funcionários. "Eles me pagavam lanches e deixaram usar
um banheiro com chuveiro."
Para dormir, "usava as roupas
como travesseiro e o saco de
lixo para forrar o chão."
Para passar o tempo, caminhava empurrando um carrinho de bagagem. "Ficava
olhando as vitrines, os aviões,
as pessoas indo para casa e sonhando com a minha vez."
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