Com cavaletes e segurança, emissora reservou área próxima à avenida Paulista

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A TV Globo reservou ilegalmente, com cavaletes e faixas, cerca de dez vagas de Zona Azul em uma calçada a uma quadra da avenida Paulista.
Uma equipe da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) retirou os obstáculos ontem à tarde. Segundo a empresa, a emissora não tinha autorização para reservar as vagas.
A CET interveio após a Folha procurar a companhia para saber se a reserva era legal.
O bloqueio estava na rua Carlos Comenale, na esquina com a rua Peixoto Gomide, havia cerca de duas semanas. Ali fica o hotel Blue Tree Towers Paulista, onde uma equipe da TV Globo está hospedada para gravar a novela "Tempos Modernos". A CET fica a um quilômetro do local.
Pela manhã, um segurança uniformizado tomava conta da rua para que ninguém retirasse os cavaletes.
À Folha o funcionário disse que havia autorização da CET para manter os obstáculos. "Se a CET deixou, fazer o quê? Mas não acho certo. Sobram menos vagas", afirmou o comerciante Márcio Dermendjian, 38.
Segundo um vendedor de Zona Azul que preferiu não se identificar, os cavaletes ficariam no local até março.
"Tem cinco anos que a Globo faz isso. Quando chega a fiscalização da CET, eles [quem guarda a vaga] falam o nome de uma funcionária chamada Lia, e os fiscais vão embora." A companhia confirmou haver uma funcionária chamada Lia na gerência responsável pela área, no Jardim Paulista.
De acordo com a CET, para ocupar o local, a TV Globo deveria pedir autorização e pagar uma taxa, calculada com base na metragem e no período em que usaria as vagas. A assessoria de imprensa da empresa não soube dizer o valor da taxa.
A Central Globo de Comunicação informou que as vagas são usadas temporariamente para carga e descarga de equipamento e equipe de gravação. "Por isso, esses carros devem estar próximos ao hotel." Em nota, diz que "a Rede Globo orienta todos os seus funcionários para que respeitem as áreas urbanas e públicas". A emissora disse ainda que tomará as "medidas cabíveis", sem dizer quais seriam.


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