São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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DIPLOMACIA

Chegam mais 251 deportados dos EUA

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O segundo vôo fretado com brasileiros deportados dos Estados Unidos chegou às 11h35 de ontem ao aeroporto internacional Tancredo Neves, região metropolitana de Belo Horizonte.
Ao todo, desembarcaram 251 imigrantes ilegais, que estavam em cadeias nos Estados norte-americanos da Califórnia, do Texas, do Arizona e de Massachussets. A maioria saiu de Minas Gerais (141) e Goiás (30).
O retorno dos brasileiros foi negociado por uma missão parlamentar. As despesas -US$ 300 mil por vôo- são bancadas pelo governo norte-americano. Segundo o deputado João Magno (PT-MG), outros dois vôos estão previstos, para 15 de março e 2 de abril. Para os EUA, o custo de cada preso é de US$ 63 por dia, informou o deputado.
A primeira leva de repatriados, com 277 brasileiros, chegou em 28 de janeiro. Os prisioneiros do segundo grupo, como daquela vez, vieram sem uniformes ou algemas e prestaram depoimento à Polícia Federal ao chegar.
O objetivo, segundo a PF, é coletar informações sobre o ingresso dos brasileiros nos EUA e a participação de falsificadores e agenciadores no processo, bem como sobre as condições das prisões. Todos os passaportes foram apreendidos e serão periciados.

Chegada
As primeiras pessoas começaram a ser liberadas duas horas após o pouso. A movimentação no aeroporto foi menor do que em janeiro, com poucos familiares esperando pelos deportados. Às 18h, todos já haviam sido liberados pela PF -muitos evitaram falar com os jornalistas.
O comerciante Marcos Tavares de Barros, 25, de Alto Rio Novo (ES), foi o primeiro a sair. Disse ter ficado detido por 50 dias no presídio de Florence, no Arizona, após gastar US$ 1.000 para tentar a travessia e ter sido preso no deserto. "Não volto mais."
Já o motorista Edno Godinho, 34, de Naque (MG), disse que é "muito simples" transpor a fronteira norte-americana pelo México. "Só não tenho a data, mas vou programar [a viagem de volta]."
Dos 251 deportados, 38 eram mulheres. Cirlene Vieira, 27, de Ouro Preto do Oeste (RO), contou ter sido humilhada pelas policiais de Florence, que a xingavam. "Só pensava em voltar."
Presos ao tentar cruzar a fronteira, Miracy Prates, 40, e Anderson Alves, 31, de Pescador (MG), passaram dois meses se comunicando apenas por carta, por estarem em alas separadas da cadeia de Florence.


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