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Para promotor, PCC "internacional" é exagero
Para José Reinaldo Carneiro, negócios do PCC na Bolívia e no Paraguai não seriam internacionalização "porque na região não há fronteiras"
Para delegado da PF, se o PCC fosse internacional, a primeira evidência seria o uso de mulas, "e nunca encontramos uma mula do PCC", afirmou ele
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
É exagerada a ideia de que o
PCC (Primeiro Comando da
Capital) tornou-se uma organização com ramificações internacionais, segundo dois especialistas na organização ouvidos pela Folha -um delegado
da PF e um promotor de SP.
"Se o PCC fosse uma organização internacional, a primeira
evidência disso seria o uso de
mulas [pessoas pagas para carregar droga para outros países]
e nunca encontramos uma mula do PCC", diz o delegado Luiz
Roberto Ungaretti Godoy.
O que ocorreu, segundo ele, é
que o PCC já não usa mais intermediários para comprar cocaína e maconha na Bolívia e
no Paraguai. "Eles agora compram diretamente do traficante nesses dois países", conta.
O que ocorreu em Portugal,
segundo Godoy, é que um líder
do PCC fugiu para aquele país.
Mas não há, diz ele, indícios
que ele tenha traficado por lá.
"Sem subestimar o PCC, dizer que o grupo virou internacional é dar a ele uma dimensão que ele não tem. É um evidente exagero", diz o promotor
José Reinaldo Guimarães Carneiro, secretário-executivo dos
Gaecos (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado) em todo o Estado.
Para ele, incluir Paraguai e
Bolívia na suposta internacionalização é um equívoco. "Não
dá para chamar os negócios do
PCC na Bolívia e no Paraguai
de internacionalização porque
nessa região não há fronteiras."
Carneiro diz que, em seus arquivos, há um único caso de
tráfico internacional com participação do PCC. A investigação estendeu-se de 2006 a
2007 e resultou na prisão de
um integrante da organização.
O promotor coordenou o
grupo que conseguiu, no ano
passado, as primeiras condenações de integrantes do PCC por
lavagem de dinheiro.
A Justiça chegou a determinar o congelamento de cerca de
600 contas bancárias da organização. Por elas passaram cerca de R$ 28 milhões -média de
R$ 46,7 mil em cada conta. O
método era simples: os membros do PCC usavam as mulheres para abrir contas em bancos, nas quais movimentavam
só valores abaixo de R$ 1.000.
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