São Paulo, sexta, 4 de abril de 1997.

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Comando sabia da ação

Protesto Moradores de Diadema e populares fazem protesto em frente ao 24º Batalhão da Polícia Militar (foto), onde os policiais acusados trabalhavam e onde a CPI ouviu depoimentos ontem da Reportagem Local

Os deputados da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Crime Organizado afirmaram ontem que a operação policial na favela Naval, que resultou na morte do conferente Mário José Josino, foi feita com autorização do comando do 24º Batalhão da Polícia Militar, em Diadema.
Segundo os deputados, o aspirante a oficial Wilson Góes Júnior, que comandava o 24º batalhão entre a noite de 6 e a madrugada de 7 de março, autorizou a operação.
Góes Júnior teria inclusive comparecido à favela Naval no início e no final da operação.
Nas imagens do vídeo, ele aparece segurando uma metralhadora na favela momentos após a morte de Josino.
``No mínimo, ele foi omisso, pois autorizou uma operação envolvendo quatro viaturas e dez policiais e não teve nenhum controle sobre esse pessoal'', afirmou o deputado estadual Afanásio Jazadji, membro da CPI.
``Isso já é motivo para autuá-lo por prevaricação e omissão, mas ainda precisamos investigar se ele tomou parte na operação.''
Góes Júnior também era o oficial de plantão entre a noite de 4 e a madrugada de 5 de março, quando houve outra operação. Góes Júnior depôs ontem ao promotor José Carlos Blat. Ele já havia prestado depoimento no IPM (Inquérito Policial Militar) que apura a morte de Josino.
Ele confirmou ter autorizado a blitz e disse que não pode permanecer no local porque a sua presença foi solicitada em outras ocorrências.
Apenas uma das ações da PM filmadas, que aconteceu entre a noite de 2 e a madrugada de 3 de março, foi considerada clandestina.
O oficial que comandava o batalhão naquele período, tenente Wlamir de Oliveira, afirmou à CPI que a operação aconteceu contra sua vontade.
A CPI ouviu ontem, na sede do 24º batalhão, o major José Luís Bolivar, que comandou interinamente o batalhão, e o capitão Ícaro Demétrio Santana, responsável pelo IPM que apura a morte de Josino.
Também foi ouvido o tenente Wlamir, responsável pelo setor de inteligência do batalhão.
A CPI ainda pediu ao comando todos os 31 IPMs instaurados no batalhão desde 96.

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