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Fenômeno cria "geração perdida"
DA REPORTAGEM LOCAL
A análise da evolução, ao longo
do tempo, dos casos de roubo no
trânsito e das taxas de desemprego mostra um efeito "inercial" do
crime. Ou seja: muitos dos que
optam ou são empurrados para a
criminalidade acabam nela permanecendo mesmo quando as
condições adversas já cessaram
ou diminuíram razoavelmente.
O efeito residual da marginalidade cria, aos poucos, uma geração perdida -que não deixará o
crime mesmo que se estanquem
imediatamente o desemprego e a
deterioração nos níveis de renda,
dizem os cinco pesquisadores do
Uniemp, ligado à Unicamp.
A permanência na marginalidade teria raízes nos ganhos auferidos com as ações criminosas e no
grau de envolvimento com o crime, atividade na qual muitas dessas pessoas -em algum momento da vida- encontraram a única
forma de subsistência.
No Estado de São Paulo o estoque mais visível dessa geração
tem proporções assustadoras: já
são mais de 125 mil pessoas nas
cadeias -um aumento de 127%
em dez anos. Jovens, a maioria
delas está presa por roubo. Ou seja: o crime mais associado ao desemprego surge exatamente como a porta de entrada para o universo da criminalidade.
O Estado usa o enorme número
de capturados para sustentar o
sucesso da ação policial e frisar
uma falta de relação direta entre o
melhor policiamento e a queda da
criminalidade. Mas a quantidade
de presos, dizem estudiosos de segurança, não necessariamente reflete eficiência da força estatal.
"É preciso saber quem se está
prendendo. São os mais perigosos? Os causadores dos maiores
danos sociais? Ninguém sabe.
Não há estudo sobre esse perfil. O
que sabemos é que a taxa de esclarecimento dos crimes segue baixa, o que sugere que não se está
prendendo exatamente quem responde pelos delitos", avalia
Nancy Cardia, do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
(SC)
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