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SAÚDE
Método desenvolvido pelo Hospital do Câncer consegue diferenciar tumores benignos e malignos em casos imprecisos
Teste elimina cirurgia inútil da tireóide
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um novo método de diagnóstico do câncer da tireóide poderá
eliminar a realização de cirurgias
desnecessárias para a retirada da
glândula, responsável pela produção de hormônios que atuam em
todo o organismo.
Hoje, 30% das biopsias feitas em
nódulos suspeitos de câncer não
permitem concluir o diagnóstico
com precisão porque não existe
um meio seguro para afastar a
possibilidade de que alguns nódulos sejam malignos. Nesses casos, por precaução, muitos médicos extirpam parte ou toda a glândula tireóide (tireoidectomia).
Uma pesquisa inédita do Hospital do Câncer de São Paulo e do
Instituto Ludwig, realizada nos
últimos três anos em parceria
com outras nove instituições
-oito brasileiras e uma peruana-, desenvolveu um teste genético que possibilita saber, com
100% de precisão, quais tumores
são cancerígenos e, portanto, têm
indicação cirúrgica obrigatória e
imediata.
Nos últimos três anos, os pesquisadores coletaram informações de 800 casos de pessoas que
se submeteram à tireoidectomia
devido a doenças benignas, câncer ou casos suspeitos sem confirmação. A cirurgia foi necessária
para esclarecer o diagnóstico.
A conclusão sobre os casos suspeitos confirma dados disponíveis em todo o mundo e impressionam: de 70% a 80% das cirurgias foram desnecessárias, ou seja, não existia câncer.
Além dos riscos naturais de
uma cirurgia, a pessoa que tem a
tireóide retirada pode precisar fazer a reposição dos hormônios tireoidianos para o resto da vida,
além de sofrer riscos de ter alteração na fala (rouquidão) e queda
de cálcio na corrente sangüínea.
Segundo o oncologista Luiz
Paulo Kowalski, chefe do departamento de cirurgia de cabeça e pescoço do Hospital do Câncer, o teste não substituirá a punção- que
consiste em introduzir uma agulha no nódulo e extrair amostras
de células-, mas vai complementá-la nos casos em que o resultado não for conclusivo.
No próximo semestre, a pesquisa entra na última etapa, o acompanhamento dos pacientes. Após
a conclusão dessa fase, o método
deverá passar a ser aplicado na
clínica, diz Kowalski.
O problema ainda será o custo
do teste, cerca de US$ 250. Segundo Kowalski, a tendência é que o
exame, assim como outros testes
diagnósticos, seja barateado com
o passar do tempo. Ainda assim,
afirma o médico, o custo será menor do que se gasta hoje com as cirurgias que podem ser evitadas.
Nos últimos 20 anos, o câncer
da tireóide quadruplicou em São
Paulo entre as mulheres. A incidência passou de 4 para 17 casos
por grupo de 100 mil, segundo o
registro de câncer do município,
ligado à Faculdade de Saúde Pública da USP. Entre os homens,
passou de 2 para 4 por 100 mil.
O aumento dos casos é atribuído à melhoria do diagnóstico, segundo Valéria Guimarães, presidente da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia.
A boa notícia é que a taxa de
mortalidade decresceu nesse período, passando de 0,8 para 0,5
por 100 mil, entre as mulheres, e
de 0,5 para 0,2 entre os homens.
Além dos modernos exames de
imagens, que permitem identificar nódulos de 1 mm, médicos de
várias especialidades (como ginecologistas e cardiologistas) têm
feito a avaliação da tireóide.
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