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ENTREVISTA
Evento em SP quer transformar caminhada em "saúde pública"
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos 10 mil pessoas são
aguardadas às 9h30 de hoje, na
avenida Paulista, região central de
São Paulo, para uma caminhada
do programa Agita Mundo, que
celebra o Dia Mundial da Saúde.
É apenas uma parte do movimento: cerca de 150 países e milhares de cidades já confirmaram
a participação nesse projeto, que
começou em São Caetano do Sul
(Grande São Paulo) e foi adotado
pela Organização Mundial da
Saúde. Neste ano, até o Nepal participará da "maratona" mundial.
O projeto Agita Mundo, que começou como Agita São Paulo e
que tem a parceria da Secretaria
de Estado da Juventude, Esporte e
Lazer, tem como objetivo dar outra visão a uma série de preceitos
que continuam sendo encarados
como corporativismo de médicos
e academias.
"Estudo do qual participaram
10 mil pesquisadores do mundo
todo demonstrou que 30 minutos
diários de qualquer atividade física, mesmo divididos em períodos
de dez minutos, reduzem os riscos de diabetes, hipertensão, obesidade, colesterol, osteoporose e
problemas mentais, como depressão, ansiedade e insônia", diz
o médico Vitor Matsudo, 55,
coordenador do Agita Mundo.
O Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São
Caetano do Sul (Celafiscs), onde
nasceu o projeto do Agita São
Paulo, está preparando também
uma série de exercícios e cartilhas
para pessoas com necessidades
especiais.
O professor Timóteo Leandro
de Araújo, do Celafiscs, disse que
centenas de pessoas portadoras
de necessidades especiais participarão da caminhada de hoje, prevista para terminar junto à Assembléia Legislativa.
A caminhada, além de ocorrer
em outros países, vai se repetir em
centenas de cidades. Em São Paulo, no próximo dia 6, no Ginásio
do Ibirapuera, acontece a 1ª Mostra de Boas Práticas em Promoção
da Atividade Física.
Abaixo, trechos da entrevista
com o médico Victor Matsudo.
Folha - O que há de novo, hoje, no
conceito de atividade física?
Victor Matsudo - Até os anos 80,
acreditava-se que só os exercícios
intensos traziam benefícios. Nos
anos 90, predominou o fitness,
exercício que consome até 70% da
capacidade de respirar e que é repetido de duas a três vezes por semana. Depois veio o que defendemos, uma espécie de guerrilha aeróbica, pois permite a qualquer
pessoa deixar de ser sedentária
sem ser atleta. Nós defendemos a
cidadania ativa, que pode ser praticada ao levarmos o cachorro para passear, caminhando na quadra ou cortando a grama. Nada
disso exige exames médicos nem
academias.
Folha - Estes novos conceitos começaram onde e com quem?
Matsudo - Com o médico Russel
Page e toda uma equipe que conseguiu publicar no Jama (jornal
da associação médica americana)
estudos mostrando que 30 minutos de atividades físicas, não de esportes, cinco dias por semana, já
traziam grande vantagem para a
saúde, em qualquer idade.
Folha - Há pesquisas mostrando
que, com os novos conceitos, mais
gente vem aderindo às várias atividade física?
Matsudo - Há inúmeras pesquisas, no Brasil e lá fora. Na média,
no início dos anos 90, cerca de
80% dos homens e 70% das mulheres eram sedentários. Hoje,
cerca de 55% das pessoas, entre
homens e mulheres, são ativas.
Folha - Há novos conceitos que,
na sua opinião, ainda estão por
surgir para o público em geral?
Matsudo- Há sim, e eles têm a
ver mais com a saúde pública que
com a estética. Não somos contrários à atividade física "tipo Jardins", eu também atendo no consultório pessoas com essas expectativas e em condições de pagar
por exames e por academias. Mas
o grande público precisa saber
que pode movimentar-se em todas as atividades do cotidiano e
que isso é fundamental para a
saúde. Um conceito novo é o número de passos que a pessoa dá
por dia. Se você der 10 mil passos,
já estará contribuindo para a saúde. Então fica mais fácil ir contanto e descontando. Por exemplo, ir
até a padaria da esquina e voltar
podem ser 2.000 passos.
A caminhada de hoje sai às 9h30, diante
do prédio do Masp, na Paulista
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