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MEC exigirá que professor seja avaliado
Medida é umas das 27 condições que o governo vai impor aos municípios para liberar verbas extras para o ensino básico público
Decreto prevê também que os estudantes não serão mais retidos na mesma série se forem reprovados em apenas uma disciplina
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação
exigirá dos municípios com
piores indicadores educacionais que os professores da rede
pública passem por avaliações
de desempenho e que, antes de
serem efetivados, façam um estágio probatório para verificar
se têm condições para o cargo.
Essas são algumas das 27 medidas propostas no decreto do
Plano de Desenvolvimento da
Educação para os municípios
que aceitarem a ajuda técnica
em troca de verbas adicionais
para o ensino básico.
O decreto prevê ainda a progressão parcial de estudantes,
ou seja, a possibilidade de eles
não ficarem retidos na mesma
série apenas por causa da reprovação em uma disciplina.
Outras medidas que serão
exigidas pelo MEC são a contração e exoneração de diretores por regras que levem em
conta o mérito (para evitar indicações políticas); o acompanhamento individual da freqüência e desempenho de cada
aluno; e que sejam ampliadas a
jornada para os estudantes.
As medidas são inspiradas
nas práticas pedagógicas de
200 municípios com média superior a 5 no novo indicador do
MEC, o Ideb, que leva em conta
o desempenho local na Prova
Brasil (que avalia a qualidade) e
as taxas de aprovação.
No que diz respeito aos professores, além de instituir avaliação do desempenho, o decreto vai exigir a implementação
de um plano de carreira, cargos
e salários, que deve "privilegiar
o mérito, a formação e a avaliação do desempenho".
Outro item que reforça a necessidade de "valorizar o mérito" do docente dá como critérios para a avaliação a "dedicação, assiduidade, pontualidade,
responsabilidade, realização de
projetos e trabalhos especializados, cursos de atualização e
desenvolvimento profissional".
Ao apresentar o plano a educadores há duas semanas, o ministro Fernando Haddad disse
que teria disponível até R$ 1 bilhão para investir nos municípios com piores indicadores.
Uma equipe técnica também
visitaria os municípios.
Apoio
A proposta de exigir uma
avaliação dos professores foi
bem aceitas por representantes
dos docentes e gestores.
"Não somos contrários à avaliação. A questão é saber como
ela será feita", afirmou o diretor da CNTE (Confederação
Nacional dos Trabalhadores
em Educação) Denilson Bento
da Costa. "O perigo é que não
haja critérios claros, e o poder
fique nas mãos dos diretores.
Professores podem ser retaliados injustamente."
Para a presidente da Undime
(entidade que reúne os secretários municipais de Educação),
Maria do Pilar, "não há nada
mais desestimulador para um
professor aplicado ganhar o
mesmo que outro desinteressado, que falta a toda hora".
Já a presidente do Consed
(conselho que reúne os secretários estaduais), Maria Auxiliadora Seabra Rezende, afirma
que o desafio é "criar uma avaliação justa, que não seja punitiva nem meramente cartorial".
Ontem, Haddad afirmou que
serão contratados 80 técnicos-consultores da Unesco, que serão "um braço do MEC nos municípios com mais dificuldades". De acordo com ele, o Ideb
já identificou os mil municípios
mais debilitados e os 200 com
melhor situação.
Colaborou FELIPE SELIGMAN, da Sucursal de
Brasília
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