|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Alunos ficam menos na escola do que exige lei
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Uma pesquisa feita pela
FGV (Fundação Getúlio Vargas) mostra que a permanência dos alunos em sala de aula
é um dos maiores desafios do
país na área de educação. Estudantes de zero a 17 anos
passam, na média, 3,9 horas
por dia em aula, menos do
que as 4 horas mínimas recomendadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Segundo o estudo, feito a
partir da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE, em apenas
seis unidades da federação
-Distrito Federal, Espírito
Santo, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro-
a média de horas de aula diárias é maior do que o mínimo
estipulado pela LDB.
O dado diverge do registro
feito pelo Ministério da Educação no Censo Escolar porque o MEC coleta as informações nas escolas, enquanto a Pnad é uma pesquisa em
domicílios. Pelo Censo Escolar, a média de horas de estudo por dia no Brasil é de 4,4 e
quase todos os Estados cumprem ao menos o mínimo.
Para mapear o problema e
orientar políticas públicas, a
FGV criou também um índice inédito que avalia a permanência dos alunos por
meio de três indicadores: taxa de matrícula, horas de aula por dia e número de faltas.
O resultado apontou que o
Distrito Federal tem a mais
alta permanência de estudantes -0,68-, seguido por
SP (0,66), Espírito Santo
(0,64), Rio de Janeiro (0,62)
e Minas Gerais (0,62).
Os mais baixos índices foram registrados no Acre
(0,39), Amazonas (0,42),
Rondônia (0,43), Maranhão
(0,43) e Mato Grosso (0,44).
No Distrito Federal, por
exemplo, a jornada chega a
4,8 horas. Em SP, é de 4,5 horas. No outro extremo, o
Acre mantém estudantes por
3,1 horas em sala de aula.
"Quanto mais a criança ficar na escola mais aprenderá. Por isso, esse índice pode
ajudar a definir estratégias",
disse Marcelo Neri, chefe do
Centro de Políticas Sociais
da FGV e autor do estudo.
Saúde e educação
A pesquisa identificou ainda a correlação entre o maior
nível educacional e o estado
de saúde das famílias. Segundo Neri, 95% das melhoras
percebidas na saúde das pessoas estão relacionadas diretamente ao nível de escolaridade, mesmo quando a renda
(outro indicador que leva ao
avanço da condição de saúde) se mantém estável. A
FGV considerou a avaliação
das próprias pessoas sobre
seu estado de saúde.
A recompensa
Além da melhora nas condições de saúde, o maior nível de estudo propicia mais
chances de se conseguir trabalho e principalmente uma
remuneração mais elevada,
segundo o estudo.
Para Neri, o chamado
"prêmio" da educação no
mercado de trabalho se traduz no nível de ocupação:
60,6% dos analfabetos estavam ocupados em 2005, enquanto 81,48% dos pós-graduados tinham emprego.
A educação possibilita
também mais ganhos no padrão de rendimento: o salário dos pós-graduados era
540% superior ao dos analfabetos, segundo a FGV.
O salário médio dos analfabetos era de R$ 321,73.
Pós-graduados tinham rendimento médio de R$ 3.041.
Texto Anterior: MEC exigirá que professor seja avaliado Próximo Texto: Crime: Vereadores são acusados de ligação com prostituição infantil Índice
|