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ABASTECIMENTO
Empresa irá recorrer ao bombardeio de nuvens para aumentar os índices de chuva e minimizar racionamento
Sabesp contrata empresa para fazer chover
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa tentativa de minimizar o
racionamento na Grande São
Paulo e evitar a sua ampliação para a capital, a Sabesp (Companhia
de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo) vai recorrer ao
bombardeio de nuvens para aumentar os índices de chuva.
Segundo a empresa, a estiagem
é a causa da falta de água, que já
afeta, desde o último dia 17, 300
mil moradores da região metropolitana abastecidos pelo sistema
Alto Cotia e ameaça outros 12,4
milhões servidos pelos sistemas
Cantareira e Guarapiranga.
A princípio, o "alvo" dos bombardeios será apenas a região sudoeste, abastecida pelo Alto Cotia
e Guarapiranga, mas não está descartada a utilização da técnica
também no Cantareira, caso ela
seja bem-sucedida.
O processo de bombardeio (ou
nucleação de nuvens) é realizado
no Paraná e em países como os
EUA, África do Sul e Japão. Ele foi
empregado em diversos Estados
nordestinos pela Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e
Recursos Hídricos), que o abandonou por considerá-lo ineficiente (leia texto nesta página).
"A Sabesp está fazendo todo o
possível para amenizar o racionamento e ampliar a margem de risco do abastecimento na região
metropolitana", afirma Marcelo
Salles, vice-presidente metropolitano de distribuição da empresa.
Em razão da crise no fornecimento de água, o secretário de Estado dos Recursos Hídricos, Antonio Carlos de Mendes Thame,
disse ontem que, dentro de aproximadamente 15 dias, deve anunciar se o racionamento será ou
não ampliado.
De acordo com o secretário, o
sistema Cantareira, que serve cerca de 9 milhões de pessoas na capital e na Grande São Paulo (53%
da população total) e estava ontem com 38,1% de sua capacidade
operacional, vive uma "situação
dramática".
Para reduzir o risco de falta de
água, Thame diz que a população
tem de economizar e "São Pedro,
colaborar". Em abril, a chuva acumulada ficou muito abaixo da
média histórica nos três sistemas,
e a tendência é que, a partir deste
mês, as precipitações sejam cada
vez menores.
Os bombardeios deverão começar em dois meses -já foi lançado um edital de licitação para o
serviço. Eles custarão até R$ 165
mil à Sabesp por 75 dias de contrato, o que representa menos de
5% dos R$ 4 milhões gastos pela
empresa na campanha publicitária contra o desperdício, lançada
oficialmente ontem.
Semeando chuva
A técnica de nucleação é conhecida em inglês como "clouds seeding", ou "semear nuvens". Ela
pode tanto aumentar a quantidade de chuva como antecipar a precipitação, impedindo que uma
nuvem carregada venha a chover
fora das áreas de interesse, levada
pela ação do vento.
Canhões instalados no solo ou
aviões fazem os disparos de sais
que tenham propriedades hidratantes, ou seja, se liguem fortemente às moléculas de água.
São usados geralmente o cloreto
de sódio (dissolvido em água ou
queimado) e o iodeto de prata.
Eles devem atingir nuvens quentes -que não tenham ainda alcançado a temperatura de congelamento da água (0).
Os sais promovem, então, uma
aglutinação das gotículas presentes nas nuvens, formando gotas
de diferentes tamanhos e, com isso, aumentando sua velocidade
de colisão, o que provoca a chuva
ou pode intensificá-la.
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