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SEGURANÇA
Depósito foi invadido por cinco homens armados, que levaram fuzis, munição e até uma Kombi; comando foi afastado
Armas são roubadas da Aeronáutica no Rio
Felipe Varanda/Folha Imagem
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Um dos portões do depósito da Aeronáutica invadido ontem; polícia suspeita de traficantes de drogas |
MARIO HUGO MONKEN
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Cinco homens armados invadiram na madrugada de ontem o
Depósito de Aeronáutica do Rio
de Janeiro, na avenida Brasil, na
altura de Bonsucesso (zona norte). Eles roubaram 22 fuzis HK-33, uma pistola Taurus 9 mm com
15 cartuchos, quatro carregadores
com 40 munições cada um e uma
Kombi, em que fugiram.
Desde agosto de 2002, este foi o
maior roubo de armas e munição
registrado em uma unidade das
Forças Armadas no Rio. Foi também o terceiro neste ano em unidade da Aeronáutica no Estado.
A Polícia Militar suspeita que os
invasores são traficantes da organização Amigo dos Amigos
(ADA) que atuam no complexo
de favelas da Maré (Bonsucesso).
Já para a Polícia Civil, as armas
foram roubadas por criminosos
do Terceiro Comando Puro (inimigos da ADA) do complexo do
Dendê (Ilha do Governador, zona
norte). A Aeronáutica não comentou o ocorrido.
A ação aconteceu à 0h25. Os invasores entraram no depósito por
dois portões: o principal, na avenida Brasil, e o lateral, na avenida
Bento Ribeiro Dantas.
Segundo o tenente-coronel da
PM Álvaro Rodrigues Garcia, na
hora da invasão, o quartel estava
às escuras e os ladrões utilizaram
lanternas para entrar no local. A
Aeronáutica confirmou que havia
um blecaute no depósito.
O grupo rendeu, sem atirar, cinco militares que faziam guarda.
Três teriam sido amarrados e
agredidos, segundo a PM. Em seguida, os criminosos entraram no
paiol e roubaram armas e carregadores. A ação durou cerca de 15
minutos. Uma Kombi, estacionada no quartel, serviu para a fuga.
No início da manhã, a polícia recuperou a Kombi. O carro foi
abandonado na av. Brasil, na altura de Realengo (zona oeste), a 30
km do Depósito de Aeronáutica.
Dentro do carro, policiais militares acharam um carregador de
fuzil pintado com a sigla ADA, o
que reforça a suspeita de que traficantes atacaram o paiol militar.
Segundo investigadores da Polícia Civil, na Ilha do Governador,
foi encontrado um telefone celular roubado pelos invasores de
um dos militares rendidos. Isso
seria indício de que as armas roubadas iriam para o morro do Dendê, dominado pelo Terceiro Comando Puro, rival da ADA.
Afastamento
No fim da manhã, a Aeronáutica divulgou nota informando que
todos os membros do comando
do depósito foram afastados do
serviço. A Aeronáutica abriu Inquérito Policial Militar para apurar os fatos e averiguar se houve
conivência por parte de militares
que conheçam a rotina do local.
À Folha, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou que o afastamento dos diretores teve o objetivo de "garantir à sociedade e à corporação"
que o caso será apurado "com a
maior transparência possível".
Ainda segundo a manifestação
da Aeronáutica, o afastamento
não significa que os integrantes
do comando da unidade tenham
sido considerados culpados antes
da conclusão das investigações.
O inquérito, de responsabilidade da Diretoria de Material Bélico
da Aeronáutica, deverá ser concluído em até 40 dias.
Na segunda nota, divulgada no
início da noite, a Aeronáutica diz
que "as informações existentes estão sendo tratadas com sigilo, a
fim de garantir o sucesso do processo em andamento".
A Força Aérea não informou,
por exemplo, se os cinco militares
rendidos eram os únicos que
guardavam o depósito no momento do roubo.
Investigações policiais
A Polícia Civil do Rio e a Polícia
Federal investigam se, em conseqüência das operações policiais
nas fronteiras e de apreensões de
armamentos em favelas, os traficantes de drogas teriam decidido
atacar quartéis das Forças Armadas para reforçar seus arsenais.
Mas os policiais civis e federais
que investigam o narcotráfico
continuam sustentando que
grande parte das armas que estão
com as quadrilhas de traficantes é
contrabandeada do Paraguai e
chega aos grandes centros, como
Rio e São Paulo, pelas rodovias.
Os carregamentos entrariam no
Brasil pelo Paraná (Foz do Iguaçu) ou pelo Mato Grosso do Sul
(Ponta Porã), seguindo para a região Sudeste escondidos em cargas de caminhões ou em ônibus
de turismo.
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