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Jovem ficará só em unidade para 40 internos
Governo vai recorrer da decisão judicial que manteve o assassino de Liana na Febem; intenção é levá-lo para presídio
Para juiz, ele não pode ser preso porque não completou 21 anos e ainda está sob a responsabilidade da Justiça
da Infância e da Juventude
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O assassino do casal Liana
Friedenbach, 16, e Felipe Caffé,
19, tornou-se, a partir de ontem
à noite, o primeiro e o único interno em uma unidade experimental de saúde para 40 adolescentes da Fundação Casa
(antiga Febem), inaugurada pelo governo paulista no ano passado, mas que ainda permanecia desocupada.
O jovem está sozinho na unidade construída para abrigar
internos com problemas psicológicos. Funcionários de outras
unidades foram deslocados para atendê-lo. A fundação não
revela o número por segurança.
A unidade de saúde foi inaugurada em dezembro pelo ex-governador Cláudio Lembo
(DEM, ex-PFL). Mas o local
-cuja construção custou R$ 2
milhões, fora os equipamentos- ainda não tinha sido usado por problemas burocráticos.
Segundo a presidente da
Fundação Casa, Berenice Gianella, houve problemas na assinatura de um convênio com a
Unifesp para viabilizar o acompanhamento psiquiátrico dos
internos. Mas, de acordo com
Berenice, outra parceria, agora
com a Faculdade de Medicina
da USP, deve ser assinada no
próximo mês.
Ontem, o juiz Trazíbulo José
Ferreira da Silva, do Departamento de Execuções da Infância e da Juventude, determinou
a transferência do assassino de
Liana para a unidade de saúde
em caráter provisório. Silva,
que negou o pedido do governo
de transferência para um presídio comum com tratamento
psiquiátrico, seguiu sugestão
do Ministério Público.
"A transferência para um
presídio é ilegal e paliativa. Resolveria um problema pontual
e como ficariam os outros casos
semelhantes? O governo precisa é encontrar um local adequado para abrigar os internos com
transtornos psiquiátricos", disse o promotor da Infância e Juventude Wilson Tafner. "Se
construiu uma unidade para
saúde mental que está desocupada, por que não colocá-lo
lá?", questionou.
O assassino de Liana está interditado judicialmente -fica
sob responsabilidade do Estado por representar risco à sociedade- desde o ano passado,
a pedido do Ministério Público.
O governo vai recorrer hoje
ou até o começo da semana que
vem ao Tribunal de Justiça, segundo o secretário estadual da
Justiça -pasta à qual a fundação é subordinada-, Luiz Antonio Marrey.
Ele afirma que a responsabilidade da fundação na guarda
do jovem acabou depois de três
anos -prazo máximo de cumprimento de medida socioeducativa previsto no Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Marrey diz que a situação do
assassinato de Liana se assemelha ao caso do preso Francisco Costa Rocha, conhecido
como Chico Picadinho, que esquartejou duas mulheres nas
décadas de 60 e 70.
Depois de cumprir a pena,
Chico Picadinho foi interditado
judicialmente e encaminhado
para o Hospital de Custódia e
Tratamento Psiquiátrico do
Tatuapé. "Os dois sofreram interdição civil com caráter protetivo", afirmou Marrey. Chico
Picadinho cometeu os crimes
quando tinha mais de 18 anos.
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