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Silêncio marca proibição da Marcha da Maconha, que reúne poucos ativistas
ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA
Nem sinal da folhinha da
maconha ou do uso da palavra em cartazes, muito menos
fumaça. Em frente à marquise do parque Ibirapuera, ontem, a manifestação contra a
proibição da Marcha da Maconha se limitou a poucas faixas que anunciavam "Democracia Já!" e "Marcha da...",
com uma tarja preta em que
estava escrito "censurado".
Meia dúzia de ativistas, que
defendem a legalização da
droga, tiveram que se contentar com um protesto silencioso, depois que a Justiça proibiu a marcha em São Paulo.
Em maior número, a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar monitoraram os
manifestantes. Policiais militares leram a decisão judicial
e informaram aos manifestantes que apologias à droga
seriam contidas, incluindo o
uso da palavra "maconha", o
desenho das folhinhas e, claro, o consumo.
Segundo o cientista social
Marco Magri, 23, membro do
Coletivo da Marcha da Maconha São Paulo, a manifestação foi transferida para o dia
31 deste mês, na tentativa de
reverter a decisão judicial.
Ele disse que foi ontem ao
Ibirapuera para comunicar o
adiamento a simpatizantes.
A decisão ocorreu após liminares para realizar a marcha terem sido negadas pelo
Superior Tribunal de Justiça
e pelo Tribunal de Justiça de
São Paulo. Pelo segundo ano
consecutivo, a chamada Marcha da Maconha foi proibida.
A Justiça acatou argumento do Ministério Público de
que o evento faz ""apologia ao
crime" e é organizado por um
""site clandestino".
Magri criticou a decisão.
"Pedido para discutir uma
mudança na lei não é apologia
nenhuma." Ele conta que o
principal objetivo do grupo é
a legalização da maconha e de
todo o seu ciclo, que envolve
produção, comercialização,
inclusive o uso medicinal.
Soninha Francine, subprefeita da Lapa (zona oeste),
compareceu ao parque para
dar apoio aos manifestantes.
Ela disse que é "impressionante como algumas sociedades resistem em debater alguns temas". "É um tabu."
Para ela, "bastam duas canetadas para impedir que
pessoas se encontrem com o
intuito de discutir a revisão
de uma lei. Mudança que eu
apoio convictamente".
Segundo membros do Coletivo da Marcha da Maconha, 13 cidades se inscreveram para participar do evento, cancelado em cinco delas.
A marcha ocorreu ontem
em Recife e Florianópolis. Na
capital pernambucana, a Polícia Militar contou cerca de
200 participantes (número
que sobe para 1.500 na avaliação dos organizadores do
evento). Em Florianópolis, de
acordo com a organização do
ato, 350 pessoas percorreram
as ruas do centro da cidade.
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