São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

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Silêncio marca proibição da Marcha da Maconha, que reúne poucos ativistas

ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA

Nem sinal da folhinha da maconha ou do uso da palavra em cartazes, muito menos fumaça. Em frente à marquise do parque Ibirapuera, ontem, a manifestação contra a proibição da Marcha da Maconha se limitou a poucas faixas que anunciavam "Democracia Já!" e "Marcha da...", com uma tarja preta em que estava escrito "censurado".
Meia dúzia de ativistas, que defendem a legalização da droga, tiveram que se contentar com um protesto silencioso, depois que a Justiça proibiu a marcha em São Paulo.
Em maior número, a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar monitoraram os manifestantes. Policiais militares leram a decisão judicial e informaram aos manifestantes que apologias à droga seriam contidas, incluindo o uso da palavra "maconha", o desenho das folhinhas e, claro, o consumo.
Segundo o cientista social Marco Magri, 23, membro do Coletivo da Marcha da Maconha São Paulo, a manifestação foi transferida para o dia 31 deste mês, na tentativa de reverter a decisão judicial. Ele disse que foi ontem ao Ibirapuera para comunicar o adiamento a simpatizantes.
A decisão ocorreu após liminares para realizar a marcha terem sido negadas pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Pelo segundo ano consecutivo, a chamada Marcha da Maconha foi proibida.
A Justiça acatou argumento do Ministério Público de que o evento faz ""apologia ao crime" e é organizado por um ""site clandestino".
Magri criticou a decisão. "Pedido para discutir uma mudança na lei não é apologia nenhuma." Ele conta que o principal objetivo do grupo é a legalização da maconha e de todo o seu ciclo, que envolve produção, comercialização, inclusive o uso medicinal.
Soninha Francine, subprefeita da Lapa (zona oeste), compareceu ao parque para dar apoio aos manifestantes. Ela disse que é "impressionante como algumas sociedades resistem em debater alguns temas". "É um tabu."
Para ela, "bastam duas canetadas para impedir que pessoas se encontrem com o intuito de discutir a revisão de uma lei. Mudança que eu apoio convictamente".
Segundo membros do Coletivo da Marcha da Maconha, 13 cidades se inscreveram para participar do evento, cancelado em cinco delas.
A marcha ocorreu ontem em Recife e Florianópolis. Na capital pernambucana, a Polícia Militar contou cerca de 200 participantes (número que sobe para 1.500 na avaliação dos organizadores do evento). Em Florianópolis, de acordo com a organização do ato, 350 pessoas percorreram as ruas do centro da cidade.


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