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São Sebastião propõe casa popular em praias
Objetivo é reassentar famílias que vivem em áreas invadidas nos morros da costa sul; audiências públicas começam na próxima semana
Proposta foi promessa de campanha do prefeito Ernani Primazzi; antecessor debateu plano semelhante e não o levou adiante
Leonardo Wen/Folha Imagem
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Criança brinca em rio que margeia Vila dos Pescadores, em Cubatão; Conselho Estadual do Meio Ambiente aprovou regularização da favela, que fica sobre palafitas
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Sebastião
(litoral norte de São Paulo) começa a realizar audiências públicas na próxima semana para
discutir a construção de moradias populares nas praias de
Barra do Una, Camburi, Barra
do Saí e Juqueí. O plano do prefeito Ernani Primazzi (PSC) é
reassentar as famílias que hoje
vivem em áreas invadidas nos
morros da costa sul.
Em um gesto que vem se repetindo há mais de uma década, ele fez durante a campanha
a promessa de remover os moradores dos morros -seu antecessor, Juan Pons Garcia (PPS),
debateu plano semelhante e
não levou à frente.
São Sebastião, que tem as
praias mais conhecidas do litoral, tem os morros ocupados irregularmente desde os anos 70.
Encostas, como as de Juqueí,
Barra do Saí e Maresias foram
tomadas por barracos de migrantes que chegaram em busca de emprego na construção
da Rio-Santos, do porto de São
Sebastião e, depois, dos condomínios que vieram na esteira da
facilidade de acesso ao litoral
norte de São Paulo.
Hoje, são locais habitados
por famílias que se fixaram graças ao fluxo de turistas, que oferece empregos na manutenção
dos próprios condomínios, hotéis, pousadas e o comércio.
Primazzi diz que vai construir até mil casas para as famílias que habitam locais em condições precárias. Pesquisa da
prefeitura aponta que há 20 mil
pessoas em 41 núcleos nessas
condições, mas parte delas deve ter a situação regularizada
pelo programa Cidade Legal.
Esse programa, do governo
do Estado, dá consultoria para
que municípios forneçam documentos que dão direitos legais a quem ocupa áreas hoje
consideradas irregulares.
Só que já existe consenso de
que será necessário remover as
famílias que moram nos pontos
em que há risco de deslizamentos ou ficam dentro das áreas
da mata atlântica.
Primazzi diz que já tem em
vista terrenos para construir
núcleos habitacionais, com até
50 unidades e casas com no máximo dois pavimentos, em Barra do Una, Barra do Saí, Camburi e Juqueí.
O atual prefeito afirma ainda
não ter estimado quanto vai
gastar, mas uma casa padrão da
CDHU, empresa do governo do
Estado na área da habitação,
custa cerca de R$ 60 mil.
O plano, segundo o prefeito, é
tentar manter as famílias nos
próprios bairros de origem,
sem promover remoções que as
levem para bairros distantes de
onde moram hoje.
Ceticismo
Erminia Maricato, professora da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP
que nos anos 1990 pesquisou o
modelo de ocupação do litoral
norte paulista, elogia o projeto
do prefeito, mas é cética quando a soluções para o problema.
Diz Erminia, ex-secretária do
Ministério das Cidades, que
tradicionalmente grupos pobres se aglutinam em torno de
áreas ricas para sobreviver,
mas não têm onde morar por
causa do valor dos terrenos e
apelam para invasões.
"As causas que levaram àquela situação continuam. O trabalhador não recebe o suficiente
para pagar sua habitação. O
problema é para onde levar essa gente", diz.
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