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Rua calma nas zonas sul e oeste concentra sequestro relâmpago
Vítima está sozinha e, no horário do rush, decide parar o carro em
vias próximas à marginal Pinheiros, aponta perfil traçado pela polícia
São pessoas que saem do trabalho ou da academia,
ou que param para falar ao celular, diz delegado; crimes ocorrem de manhã e à noite
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Sozinho no carro, o motorista -pode ser homem ou mulher- que para seu carro na hora do rush em ruas aparentemente calmas de bairros próximos à marginal Pinheiros é a
principal vítima de sequestro
relâmpago na capital paulista.
O perfil foi traçado com base
nas centenas de casos registrados nos últimos três anos na cidade, segundo o delegado Wagner Giudice, da Delegacia Antissequestro. "São pessoas que
estão saindo ou chegando ao
trabalho, à academia, que param para falar ao celular, que
estão esperando a namorada."
Até então, a polícia acreditava que os alvos preferenciais
dos criminosos eram os motoristas que paravam em um semáforo ou caixa eletrônico ou
que saíam de shoppings.
"Não é nada disso. A vítima
está parada em ruas de pouco
movimento e então é levada para a marginal Pinheiros. Por isso, eles escolhem esses bairros
[das zonas sul e oeste]."
O sequestro relâmpago é
aquele em que a vítima é mantida refém dentro do carro, em
geral do próprio veículo, enquanto os ladrões sacam dinheiro de sua conta bancária em caixas eletrônicos ou fazem compras com seu cartão de crédito.
Na lista dos bairros campeões
de casos estão, segundo a polícia, Moema, Brooklin, Morumbi, Chácara Santo Antônio e Pinheiros. Também há registro
desse tipo de crime em Santo
Amaro, Perdizes, Lapa e próximo à av. Luiz Carlos Berrini.
Os crimes ocorrem das 7h às
10h e das 17h às 21h. De acordo
com a Polícia Civil, são registradas entre 50 e 60 ocorrências
por mês na capital. Há três anos,
no entanto, o número chegou a
cerca de 150 casos.
Dois por dia
Ontem, o delegado Giudice
apresentou uma dupla especializada em sequestro relâmpago
que, segundo ele, agia havia pelo menos um ano na região da
marginal Pinheiros e tinha no
currículo mais de 20 crimes.
Para o delegado, esse número
pode ser muito maior. "Eles
chegaram a praticar mais de
dois sequestros relâmpagos no
mesmo dia. Um cedo, e outro à
noite", disse.
Os suspeitos, Rafael Alves
dos Santos e Elton Rodrigues
Assunção, agiam nesses bairros
onde se concentram os sequestros relâmpago. Com eles, a polícia apreendeu armas e cartões
de vítimas. A reportagem não
conseguiu contato com os advogados dos acusados.
De acordo com a polícia, funcionários de lojas são suspeitos
de envolvimento com a dupla.
Em uma das compras feitas pelos criminosos com o cartão de
uma das vítimas, eles chegaram
a gastar cerca de R$ 7.000 em
uma loja de artigos esportivos.
A polícia não soube informar o
montante dos roubos.
A Folha pediu ao delegado e
à Secretaria da Segurança Pública os números, registrados
mês a mês, de sequestros relâmpagos. O policial disse que
dependeria de autorização da
secretaria -o que não ocorreu
até a conclusão desta edição.
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