São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2010

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Rua calma nas zonas sul e oeste concentra sequestro relâmpago

Vítima está sozinha e, no horário do rush, decide parar o carro em vias próximas à marginal Pinheiros, aponta perfil traçado pela polícia

São pessoas que saem do trabalho ou da academia, ou que param para falar ao celular, diz delegado; crimes ocorrem de manhã e à noite

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Sozinho no carro, o motorista -pode ser homem ou mulher- que para seu carro na hora do rush em ruas aparentemente calmas de bairros próximos à marginal Pinheiros é a principal vítima de sequestro relâmpago na capital paulista.
O perfil foi traçado com base nas centenas de casos registrados nos últimos três anos na cidade, segundo o delegado Wagner Giudice, da Delegacia Antissequestro. "São pessoas que estão saindo ou chegando ao trabalho, à academia, que param para falar ao celular, que estão esperando a namorada."
Até então, a polícia acreditava que os alvos preferenciais dos criminosos eram os motoristas que paravam em um semáforo ou caixa eletrônico ou que saíam de shoppings.
"Não é nada disso. A vítima está parada em ruas de pouco movimento e então é levada para a marginal Pinheiros. Por isso, eles escolhem esses bairros [das zonas sul e oeste]."
O sequestro relâmpago é aquele em que a vítima é mantida refém dentro do carro, em geral do próprio veículo, enquanto os ladrões sacam dinheiro de sua conta bancária em caixas eletrônicos ou fazem compras com seu cartão de crédito.
Na lista dos bairros campeões de casos estão, segundo a polícia, Moema, Brooklin, Morumbi, Chácara Santo Antônio e Pinheiros. Também há registro desse tipo de crime em Santo Amaro, Perdizes, Lapa e próximo à av. Luiz Carlos Berrini.
Os crimes ocorrem das 7h às 10h e das 17h às 21h. De acordo com a Polícia Civil, são registradas entre 50 e 60 ocorrências por mês na capital. Há três anos, no entanto, o número chegou a cerca de 150 casos.

Dois por dia
Ontem, o delegado Giudice apresentou uma dupla especializada em sequestro relâmpago que, segundo ele, agia havia pelo menos um ano na região da marginal Pinheiros e tinha no currículo mais de 20 crimes. Para o delegado, esse número pode ser muito maior. "Eles chegaram a praticar mais de dois sequestros relâmpagos no mesmo dia. Um cedo, e outro à noite", disse.
Os suspeitos, Rafael Alves dos Santos e Elton Rodrigues Assunção, agiam nesses bairros onde se concentram os sequestros relâmpago. Com eles, a polícia apreendeu armas e cartões de vítimas. A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos acusados.
De acordo com a polícia, funcionários de lojas são suspeitos de envolvimento com a dupla. Em uma das compras feitas pelos criminosos com o cartão de uma das vítimas, eles chegaram a gastar cerca de R$ 7.000 em uma loja de artigos esportivos. A polícia não soube informar o montante dos roubos.
A Folha pediu ao delegado e à Secretaria da Segurança Pública os números, registrados mês a mês, de sequestros relâmpagos. O policial disse que dependeria de autorização da secretaria -o que não ocorreu até a conclusão desta edição.


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