São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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POLÍCIA

Convênio assinado ontem prevê compartilhamento de dados policiais entre Rio, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais

Estados vão trocar informações sobre crimes

DA SUCURSAL DO RIO

Representantes da Polícia Civil do Rio, de São Paulo, do Espírito Santo e de Minas Gerais assinaram ontem um convênio no qual se comprometem a compartilhar informações de suas bases de dados como forma de combater o crime organizado.
Segundo o delegado Zaqueu Teixeira, chefe da Polícia Civil do Rio, a troca de informações em tempo real permitirá que as polícias "avancem na mesma velocidade da criminalidade".
"Nós temos que trabalhar de forma integrada. Temos que compartilhar dados para além das fronteiras, porque o criminoso já atravessou as fronteiras dos Estados," disse Teixeira ao anunciar a assinatura do convênio.
O principal objetivo da troca de informações é a identificação de quadrilhas especializadas em roubos e furtos de veículos, tráfico de drogas e sequestros.
Pelo convênio, cada Estado do Sudeste nomeará um delegado que ficará responsável pelo compartilhamento de dados com os demais. Ele terá uma senha que permitirá o acesso aos bancos de dados policiais dos demais Estados conveniados.
"Estamos ampliando a inteligência da polícia. A partir do acordo, a troca de informações poderá ser feita em minutos, substituindo a antiga ação protocolar", disse Teixeira.
Segundo ele, hoje o pedido de informações sobre um preso ou acusado em outro Estado demora, no mínimo, 30 dias.
Por enquanto, o convênio envolve apenas os Estados do Sudeste, mas a idéia é ampliar para todo o país a integração entre os bancos de dados das polícias.
Para que isso aconteça, já estão sendo agendadas reuniões entre as polícias dos quatro Estados e as das outras unidades da Federação que fazem divisa com eles.
"A tendência é que a polícia tenha uma única base de informações, o que é muito vantajoso para o setor de inteligência. Será possível buscar as informações necessárias sobre qualquer criminoso, que esteja atuando em qualquer Estado do Brasil", disse o chefe da Polícia Civil do Rio.

Primeiro alvo
A ligação entre as facções criminosas CV (Comando Vermelho), do Rio, e PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo, será um dos primeiros alvos da troca de informações.
Investigações da Drae (Divisão de Repressão a Armas e Explosivos) da Polícia Civil apontam que a facção paulista já estaria atuando no tráfico de drogas do Rio.
A ficha completa de quatro sequestradores da atriz Vanessa Bueno, 23, a Lili do programa "A Turma do Didi", da TV Globo, também poderá ser conseguida rapidamente pela polícia do Rio. O pedido, por meio de ofício, foi feito há quase duas semanas. Os sequestradores são de São Paulo.
O diretor de inteligência da polícia de São Paulo, Massilon Bernardes, que participou da reunião e será o representante do Estado na troca de informações, disse que a maioria dos sequestros que ocorrem em todo o Brasil tem como mentores criminosos oriundos do Sudeste.
"O Ministério da Justiça está propondo a criação de um subsistema de segurança pública, que é o que nós estamos adiantando. Esse tipo de ação é fundamental para combater o crime organizado", disse Bernardes.
Além de Bernardes e de Teixeira, estavam presentes na assinatura do convênio os chefes da Polícia Civil de Minas Gerais, Jacy de Abreu, e da Polícia Civil do Espírito Santo, João Manoel Rodrigues de Lima.



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