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ADMINISTRAÇÃO
Suplente de José Américo Dias, da Comunicação, é contra o projeto da prefeita de anistiar lojas irregulares
Secretário volta à Câmara para apoiar Marta
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem apoio em sua própria bancada para aprovar projeto defendido pela prefeita Marta Suplicy
(PT), a administração municipal
decidiu tomar uma atitude. O secretário da Comunicação Social,
José Américo Dias, vai deixar o
cargo e reassumir o mandato de
vereador para votar a favor da
anistia ao comércio irregular em
algumas vias da cidade.
A suplente de Dias, a vereadora
Zélia Lopes (PT), decidiu anteontem que votaria contra a proposta
que anistia lojas irregulares nos
chamados corredores de uso especial, como a alameda Gabriel
Monteiro da Silva.
Com a adesão dela, a parte da
bancada petista que se opõe ao
projeto ficaria majoritária: 9 a 8.
Para os contrários à proposta, a
volta de Dias não representa apenas mais um voto -mas sinaliza
a forma como o Executivo pretende lidar com os rebeldes.
"Minha posição é essa e não vou
mudar", disse Zélia, questionada
sobre uma eventual punição.
A prefeitura planejava votar o
projeto ontem, mas não houve
acordo nem na reunião da bancada petista. O presidente do Diretório Municipal do PT, Ítalo Cardoso, participou do encontro fechado para pedir apoio à anistia e
chegou a dizer aos vereadores que
a rejeição ao projeto pode provocar uma "crise". Na saída, afirmou que "a Executiva vai respeitar todos os pontos de vista".
As sessões em que são votados
os projetos, chamadas de extraordinárias, não foram sequer abertas. A Mesa Diretora da Câmara
desconvocou as duas que estavam
marcadas para ontem. Para que o
projeto de anistia às lojas seja
aprovado, é necessário o apoio de
33 dos 55 vereadores.
O secretário da Comunicação
foi procurado ontem pela Folha
para comentar o assunto, mas
não respondeu às ligações. Segundo vereadores, ele vai ficar fora do
governo pelo menos até a votação
do projeto, que deve acontecer
nos próximos dias.
Copo d'água
O líder do governo na Câmara,
vereador João Antonio (PT), admitiu que há divergências, mas
afirmou que o seu objetivo é "que
a bancada marche unida".
Um dos principais opositores
do projeto de anistia, o vereador
Nabil Bonduki (PT) afirmou que
a prefeitura está "superdimensionando os efeitos que a atual situação [de possível fechamento de
lojas] está causando".
Esses corredores foram criados
em 1981 para permitir pequenos
serviços em áreas residenciais,
mas durante a década de 90 estabelecimentos maiores e lojas foram tomando as vias. Com isso,
associações de moradores conseguiram que a Justiça determinasse o fechamento das lojas.
Nabil afirma que o problema
"tem de ser enfrentado, é apenas
uma questão de quando". Tanto
quem é a favor como quem é contra a anistia lembra que os planos
diretores regionais, que irão definir a situação do comércio em toda a cidade, chegarão à Câmara
até o final do mês e devem ser
aprovados ainda neste ano.
Para os favoráveis ao projeto, a
anistia é importante para evitar
um prejuízo temporário, já que as
lojas podem fechar antes da votação dos planos.
Ontem, as galerias do plenário
da Câmara voltaram a ficar tomadas de manifestantes. Como já havia ocorrido na semana passada,
os grupos tiveram de ser divididos pela polícia.
De um lado, estava o movimento Defenda São Paulo, que reúne
associações de bairro contrárias
ao projeto. Do outro, o sindicato
dos comerciários.
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