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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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ADMINISTRAÇÃO

Suplente de José Américo Dias, da Comunicação, é contra o projeto da prefeita de anistiar lojas irregulares

Secretário volta à Câmara para apoiar Marta

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem apoio em sua própria bancada para aprovar projeto defendido pela prefeita Marta Suplicy (PT), a administração municipal decidiu tomar uma atitude. O secretário da Comunicação Social, José Américo Dias, vai deixar o cargo e reassumir o mandato de vereador para votar a favor da anistia ao comércio irregular em algumas vias da cidade.
A suplente de Dias, a vereadora Zélia Lopes (PT), decidiu anteontem que votaria contra a proposta que anistia lojas irregulares nos chamados corredores de uso especial, como a alameda Gabriel Monteiro da Silva.
Com a adesão dela, a parte da bancada petista que se opõe ao projeto ficaria majoritária: 9 a 8. Para os contrários à proposta, a volta de Dias não representa apenas mais um voto -mas sinaliza a forma como o Executivo pretende lidar com os rebeldes.
"Minha posição é essa e não vou mudar", disse Zélia, questionada sobre uma eventual punição.
A prefeitura planejava votar o projeto ontem, mas não houve acordo nem na reunião da bancada petista. O presidente do Diretório Municipal do PT, Ítalo Cardoso, participou do encontro fechado para pedir apoio à anistia e chegou a dizer aos vereadores que a rejeição ao projeto pode provocar uma "crise". Na saída, afirmou que "a Executiva vai respeitar todos os pontos de vista".
As sessões em que são votados os projetos, chamadas de extraordinárias, não foram sequer abertas. A Mesa Diretora da Câmara desconvocou as duas que estavam marcadas para ontem. Para que o projeto de anistia às lojas seja aprovado, é necessário o apoio de 33 dos 55 vereadores.
O secretário da Comunicação foi procurado ontem pela Folha para comentar o assunto, mas não respondeu às ligações. Segundo vereadores, ele vai ficar fora do governo pelo menos até a votação do projeto, que deve acontecer nos próximos dias.

Copo d'água
O líder do governo na Câmara, vereador João Antonio (PT), admitiu que há divergências, mas afirmou que o seu objetivo é "que a bancada marche unida".
Um dos principais opositores do projeto de anistia, o vereador Nabil Bonduki (PT) afirmou que a prefeitura está "superdimensionando os efeitos que a atual situação [de possível fechamento de lojas] está causando".
Esses corredores foram criados em 1981 para permitir pequenos serviços em áreas residenciais, mas durante a década de 90 estabelecimentos maiores e lojas foram tomando as vias. Com isso, associações de moradores conseguiram que a Justiça determinasse o fechamento das lojas.
Nabil afirma que o problema "tem de ser enfrentado, é apenas uma questão de quando". Tanto quem é a favor como quem é contra a anistia lembra que os planos diretores regionais, que irão definir a situação do comércio em toda a cidade, chegarão à Câmara até o final do mês e devem ser aprovados ainda neste ano.
Para os favoráveis ao projeto, a anistia é importante para evitar um prejuízo temporário, já que as lojas podem fechar antes da votação dos planos.
Ontem, as galerias do plenário da Câmara voltaram a ficar tomadas de manifestantes. Como já havia ocorrido na semana passada, os grupos tiveram de ser divididos pela polícia.
De um lado, estava o movimento Defenda São Paulo, que reúne associações de bairro contrárias ao projeto. Do outro, o sindicato dos comerciários.


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