|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
URBANIDADE
Ilustração Vincenzo Scarpellini
 |
|
LONGE DAS VITRINAS Num teatro do centro, em "Filosofia da Alcova", do marquês de Sade, Valquiria Vieira encarna Eugeníe. As cenas são estáticas, sujas, cruas. Se o texto do marquês é ainda atual, é por ser capaz de assumir, levar ao extremo e torrar em alta temperatura juventude, beleza, saúde e desejo: os valores do sistema de consumo moldado na adoração asséptica do corpo.
(VINCENZO SCARPELLINI)
Rua de livros
GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA
Na procura por cangaceiros, Edson Lima descobriu Ilda de Souza, de 84 anos,
que escapou do histórico massacre de Angicos, no interior do
Ceará, onde policiais mataram
Lampião. Até hoje ela carrega
remorsos. Na noite anterior ao
ataque, tinha notado suspeitos
movimentos de luzes.
Maria Bonita acalmou-a
-afirmou que deveriam ser vaga-lumes. Se tivesse apostado em
suas suspeitas, imagina Ilda,
Lampião teria talvez conseguido
escapar a tempo.
Além de Ilda, conhecida como
Dona Cila e mulher do cangaceiro Zé Sereno, Edson localizou,
em São Paulo, Dona Mocinha
(Maria Ferreira), de 93 anos, irmã de Lampião. A procura faz
parte de um projeto que mistura
urbanismo e literatura.
Lançar os livros ao ar livre
-como nas estações de trem,
nos parques e nas praças- é o
jeito que o produtor cultural Edson Lima encontrou para se divertir e ganhar a vida. "É uma
reação contra essa mania do
paulistano de ficar enclausurado. Precisamos redescobrir o gosto da rua", afirma.
Para lançar livros sobre Lampião, ele saiu à procura de testemunhas sobreviventes dos tempos do cangaço, e acabou descobrindo Cida e Mocinha. O local
do evento, marcado para 28 de
julho, o aniversário da morte de
Lampião: a estação Brás, reduto
de nordestinos.
Inaugurado em 1999, o projeto
Autor da Praça tornou-se parte
dos sábados da praça Benedito
Calixto. O lançamento se confunde com uma confraternização entre amigos; até porque
uma das regras do evento é que o
livro já tenha sido lançado há
muito tempo. Dali, a experiência
entendeu-se, nos domingos, para
um parque -o Trianon, na avenida Paulista.
Seu próximo projeto é uma homenagem diferente aos 450 anos
da cidade de São Paulo. É um livro de 450 frases criadas por 450
pessoas, a maioria delas VIPs,
sobre a cidade. "O livro já é um
sucesso, a primeira edição já está
completamente esgotada", brinca o produtor cultural.
Apesar do sucesso, não haverá
uma segunda edição. Serão somente 450 exemplares. Cada um
dos 450 co-autores comprará,
com antecedência, seu livro.
"Para quem ninguém fique frustrado, vamos colocar todas as
frases na internet."
E-mail - gdimen@uol.com.br
Texto Anterior: Prefeita reafirma apoio a anistia
Próximo Texto: Trânsito: Evite a Domingos de Morais para chegar à Paulista
Índice
|
