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URBANISMO
Associação reclama que não teve acesso às alterações, que prevêem circulação dos ônibus pela faixa esquerda da avenida
Morador e lojista temem "nova" Rebouças
DA REPORTAGEM LOCAL
Moradores e lojistas da região
da centenária avenida Rebouças,
na zona oeste de São Paulo, temem as mudanças anunciadas
pela prefeitura no local -que alteram não apenas o projeto paisagístico do local, mas, principalmente, a circulação de ônibus em
uma das avenidas mais movimentadas da cidade.
A principal mudança, que deve
ser implementada em agosto, é
que os ônibus irão circular pela
faixa esquerda da avenida, e os
pontos serão transferidos para o
canteiro central. De acordo com a
prefeitura, a mudança irá favorecer o trânsito local.
Também estão previstas mudanças na iluminação -saem as
lâmpadas de vapor de mercúrio e
entram as de sódio, que deixam a
iluminação amarelada-, além da
instalação de semáforos inteligentes. Apenas o recapeamento dos
2,4 quilômetros da avenida vai
custar R$ 1,7 milhão.
Moradores, organizados pela
Associação Rebouças Viva, também reclamam que ainda não receberam documentos ou estudos
avaliando os impactos das alterações -anunciadas no mês de
março pela prefeitura.
No último dia 15, eles protocolaram um pedido na Secretaria Municipal dos Transportes solicitando esses documentos. Como não
foram atendidos, procuraram o
Ministério Público, que encaminhou o pedido à prefeitura.
A assessoria da secretaria informou que esses estudos não foram
entregues porque, como as alterações na Rebouças estão sendo
realizadas por três órgãos diferentes (além da pasta, participam a
Secretaria das Subprefeituras e a
Empresa Municipal de Urbanização), ainda não há um documento consolidado sobre a operação.
Comércio
O presidente da Associação Comercial Distrital de Pinheiros,
Fernando José, afirmou que, com
os usuários de ônibus circulando
pelo canteiro central, os comerciantes serão prejudicados.
"Como o comércio vai trabalhar
se perder boa parte do público
que circula nas calçadas? Colocando os pedestres no canteiro
central da avenida, o comércio
não vai sobreviver", disse. A entidade não soube informar quantos
comerciantes há no local.
A prefeitura, porém, diz que
não há razão para o temor, já que
os usuários terão de continuar
circulando pelas calçadas para se
movimentar pelo local.
Há também o receio, de acordo
com a presidente da associação
Rebouças Viva, Fernanda Bandeira de Melo, de que a mudança aumente o trânsito de veículos nas
ruas paralelas, como a alameda
Gabriel Monteiro da Silva, além
de degradar visualmente a região
e ter um alto impacto ambiental.
"A prefeitura não pode construir um corredor, que provocará
tantas mudanças, sem que a comunidade tenha direito a opinar", afirma.
Para Bandeira de Melo, a associação com os corredores que foram construídos nas avenidas
Santo Amaro e Nove de Julho é
inevitável. "Eles acabaram com
aquelas avenidas. O corredor acabou com a região e com o comércio que existia ali", afirma.
A Prefeitura de São Paulo nega a
construção de um corredor de
ônibus na Rebouças. De acordo
com a assessoria de imprensa da
Secretaria Municipal de Transportes, uma "via rápida" será implementada no local.
A diferença entre o corredor e a
via rápida, ainda de acordo com o
órgão, está no fato de que, no primeiro, a faixa de ônibus é fisicamente segregada do restante da
pista -com a utilização de canaletas, por exemplo.
Na via rápida da Rebouças, a
principal mudança será a transposição da faixa exclusiva para
ônibus, que já existe em alguns
trechos da avenida, do lado direito da pista para o lado esquerdo.
Essa faixa, na qual não poderão
transitar carros, será separada do
resto da pista apenas por uma linha no chão. O embarque e o desembarque de passageiros serão
realizados no canteiro central. O
objetivo é facilitar a conversão
dos carros à direita e, com isso,
agilizar o trânsito.
Segundo a secretaria, a medida
não deve alterar o tráfego de veículos nas ruas paralelas.
(AMARÍ LIS LAGE e SIMONE IWASSO)
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