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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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URBANISMO

Associação reclama que não teve acesso às alterações, que prevêem circulação dos ônibus pela faixa esquerda da avenida

Morador e lojista temem "nova" Rebouças

DA REPORTAGEM LOCAL

Moradores e lojistas da região da centenária avenida Rebouças, na zona oeste de São Paulo, temem as mudanças anunciadas pela prefeitura no local -que alteram não apenas o projeto paisagístico do local, mas, principalmente, a circulação de ônibus em uma das avenidas mais movimentadas da cidade.
A principal mudança, que deve ser implementada em agosto, é que os ônibus irão circular pela faixa esquerda da avenida, e os pontos serão transferidos para o canteiro central. De acordo com a prefeitura, a mudança irá favorecer o trânsito local.
Também estão previstas mudanças na iluminação -saem as lâmpadas de vapor de mercúrio e entram as de sódio, que deixam a iluminação amarelada-, além da instalação de semáforos inteligentes. Apenas o recapeamento dos 2,4 quilômetros da avenida vai custar R$ 1,7 milhão.
Moradores, organizados pela Associação Rebouças Viva, também reclamam que ainda não receberam documentos ou estudos avaliando os impactos das alterações -anunciadas no mês de março pela prefeitura.
No último dia 15, eles protocolaram um pedido na Secretaria Municipal dos Transportes solicitando esses documentos. Como não foram atendidos, procuraram o Ministério Público, que encaminhou o pedido à prefeitura.
A assessoria da secretaria informou que esses estudos não foram entregues porque, como as alterações na Rebouças estão sendo realizadas por três órgãos diferentes (além da pasta, participam a Secretaria das Subprefeituras e a Empresa Municipal de Urbanização), ainda não há um documento consolidado sobre a operação.

Comércio
O presidente da Associação Comercial Distrital de Pinheiros, Fernando José, afirmou que, com os usuários de ônibus circulando pelo canteiro central, os comerciantes serão prejudicados.
"Como o comércio vai trabalhar se perder boa parte do público que circula nas calçadas? Colocando os pedestres no canteiro central da avenida, o comércio não vai sobreviver", disse. A entidade não soube informar quantos comerciantes há no local.
A prefeitura, porém, diz que não há razão para o temor, já que os usuários terão de continuar circulando pelas calçadas para se movimentar pelo local.
Há também o receio, de acordo com a presidente da associação Rebouças Viva, Fernanda Bandeira de Melo, de que a mudança aumente o trânsito de veículos nas ruas paralelas, como a alameda Gabriel Monteiro da Silva, além de degradar visualmente a região e ter um alto impacto ambiental.
"A prefeitura não pode construir um corredor, que provocará tantas mudanças, sem que a comunidade tenha direito a opinar", afirma.
Para Bandeira de Melo, a associação com os corredores que foram construídos nas avenidas Santo Amaro e Nove de Julho é inevitável. "Eles acabaram com aquelas avenidas. O corredor acabou com a região e com o comércio que existia ali", afirma.
A Prefeitura de São Paulo nega a construção de um corredor de ônibus na Rebouças. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Transportes, uma "via rápida" será implementada no local.
A diferença entre o corredor e a via rápida, ainda de acordo com o órgão, está no fato de que, no primeiro, a faixa de ônibus é fisicamente segregada do restante da pista -com a utilização de canaletas, por exemplo.
Na via rápida da Rebouças, a principal mudança será a transposição da faixa exclusiva para ônibus, que já existe em alguns trechos da avenida, do lado direito da pista para o lado esquerdo.
Essa faixa, na qual não poderão transitar carros, será separada do resto da pista apenas por uma linha no chão. O embarque e o desembarque de passageiros serão realizados no canteiro central. O objetivo é facilitar a conversão dos carros à direita e, com isso, agilizar o trânsito.
Segundo a secretaria, a medida não deve alterar o tráfego de veículos nas ruas paralelas. (AMARÍ LIS LAGE e SIMONE IWASSO)


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