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CONVÊNIOS
Categoria exige repasse maior; clientes de operadoras já são afetados em pelo menos 14 das 27 unidades da Federação
Médicos já param atendimento de planos
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em pelo menos 14 das 27 unidades da Federação já há grupos de
médicos negando o atendimento
a clientes de planos e seguros-saúde que não aumentaram os valores pagos aos profissionais. A informação é da AMB (Associação
Médica Brasileira). As seguradoras e operadoras de planos decidiram não comentar o assunto até
que as negociações se esgotem.
Entidades médicas marcaram
para ontem assembléias em todo
o país para debater uma radicalização do movimento, com a extensão das negativas de atendimento a todo o país. A maior parte dos encontros ocorreria à noite.
Os médicos querem que as operadoras e seguradoras atendam à
Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos, lançada no fim do ano passado pelo CFM (Conselho Federal
de Medicina) e pela AMB.
Enquanto a classificação diz,
por exemplo, que o valor-referência de uma consulta deve ser de
R$ 42, os médicos recebem hoje,
em média, R$ 20, segundo o Conselho Regional de Medicina do
Estado de São Paulo (Cremesp).
O vice-presidente da AMB, Lúcio Antônio Prado Dias, afirma
que as paralisações ainda têm se
concentrado no Nordeste e focado, principalmente, as seguradoras de saúde, que, segundo ele,
"oferecem maior resistência".
Nos Estados afetados, segurados têm de pagar pelas consultas
o valor que os médicos estão exigindo dos convênios. Os pacientes, com recibos, tentam o ressarcimento direto com as empresas.
Uma das situações mais graves é
a da Bahia. Há 76 dias, os médicos
suspenderam o atendimento aos
usuários de dois planos, deixando
395 mil pessoas sem cobertura.
A OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) deu prazo até hoje para
que seguradoras e médicos cheguem a um acordo no Estado.
Em Mato Grosso do Sul, onde
os atendimentos por dois convênios foram suspensos, o reajuste
de valores foi tido pelo conselho
de medicina local como "questão
ética". "O médico que não exigir
os valores corrigidos estará infringindo um princípio ético. Estamos sendo contestados na Justiça,
mas é uma questão de honra para
nós", afirmou o presidente do órgão, Marcos Paulo Tiguman.
Desde o dia 24, parte dos médicos mineiros cobra dos cerca de
700 mil clientes do Estado ligados
às seguradoras o pagamento de
R$ 42 pela consulta.
Em Pernambuco, os médicos já
deixaram de atender a duas seguradoras pelo método convencional há dois meses.
Em Sergipe, foi pedido o descredenciamento de 19 convênios. No
Pará, são 35 os planos que tiveram
solicitado o descredenciamento.
Já em Alagoas, a Justiça determinou liminarmente que as operadoras deixem à disposição dos
usuários os serviços médicos sem
duplicidade no pagamento. Há 63
dias, os médicos cobram R$ 42
pelas consultas de três convênios.
No Maranhão, o CRM suspendeu há um mês o atendimento
médico dos usuários de quatro
planos. O conselho já faz acordo
com 26 planos.
Independentemente das negociações sobre os reajustes, as operadoras e as seguradoras têm até
agosto para firmar contratos com
os médicos, explica José Erivalder
de Oliveira, da Confederação Médica Brasileira. Uma resolução da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) obrigou essas empresas a oficializar a relação com
os profissionais. "As propostas
não têm respeitado os parâmetros
[de remuneração]."
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