São Paulo, segunda-feira, 04 de junho de 2007

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Brasileiro troca de convênio com freqüência

Mais da metade dos usuários de planos aderiu à atual prestadora de serviço há menos de 3 anos, de acordo com a ANS

Usuários dizem que economia motiva a troca constante de plano; uma das razões pode ser o elevado número de empresas que atuam no setor

DA SUCURSAL DO RIO

Mais da metade dos clientes de operadoras de assistência médica privada no Brasil aderiram ao plano atual há menos de três anos. Esse dado sugere que, além da inclusão de novos clientes, os brasileiros que já possuíam planos têm trocado de empresa com intensidade.
Do total de 37 milhões de beneficiários de assistência médica privada em dezembro de 2006 -não estão incluídos nessa conta os 7,8 milhões de planos exclusivamente odontológicos-, 19 milhões (ou 51% do total) aderiram ao plano a partir de 2004, ou seja, num período de três anos ou menos.
Em 23% dos casos (8,6 milhões de beneficiários), o tempo de adesão não chega sequer a um ano. O percentual dos que estão há mais de dez anos no mesmo plano é de apenas 15%.
Essa movimentação intensa de um plano para outro é verificada tanto nos planos coletivos (58% estão no plano há menos de três anos) quanto nos individuais (44%).

Troca negativa
O diretor-presidente da ANS, Fausto Pereira dos Santos, diz que essa intensa troca de operadoras não é positiva: "Não esperávamos esse resultado e estamos tentando entendê-lo melhor. Do ponto de vista da assistência médica, isso não é bom. Para quem pensa numa operadora privada que projeta e executa ações de prevenção, essa mexida constante tem impacto negativo. A fidelização dos clientes é boa para quem compra o plano e para quem presta o serviço".
Para ele, esse dado é mais preocupante nos planos individuais porque, em coletivos, a troca é mais comum. Isso porque uma empresa com plano coletivo tem mais poder de barganha na hora de negociar preços com a operadora de saúde, podendo migrar para outra operadora.

Troca intensa
A comerciante aposentada Luzia Tealdi, 64, retrata bem essa intensa troca de planos. Até 2001, ela e o marido não possuíam plano de saúde. Graças a economias feitas pelo casal, eles conseguiram pagar um. Em 2002, no entanto, ela trocou de plano em busca de um menor preço. Porém, não gostou dos serviços e voltou ao plano inicial, pelo qual ela e o marido pagam R$ 1.150.
O engenheiro aposentado Gilberto Patrício Ribeiro, 65, também migrou de um plano para outro em busca de melhores preços. "Eu já tive outros planos de saúde. Os hospitais públicos estão em estado de calamidade e, infelizmente, não dá para ficar sem. O problema é que é muito caro. Troquei de plano há um ano porque esse era mais barato", afirma ele, que diz pagar mais de R$ 600 no plano atual.
Uma das razões para a intensa troca de operadoras pode ser o elevado número de empresas atuando no setor. Na avaliação da ANS, o patamar de aproximadamente 1.700 empresas para 45 milhões de beneficiários é alto. "Sabemos que há um número muito grande de operadores com baixa capacidade de arcar com os riscos. É por isso que a ANS está exigindo de todas as empresas uma melhor condição financeira", diz o diretor-presidente da agência.


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