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Brasileiro troca de convênio com freqüência
Mais da metade dos usuários de planos aderiu à atual prestadora de serviço há menos de 3 anos, de acordo com a ANS
Usuários dizem que economia motiva a troca constante de plano; uma das razões pode ser o elevado número de empresas que atuam no setor
DA SUCURSAL DO RIO
Mais da metade dos clientes
de operadoras de assistência
médica privada no Brasil aderiram ao plano atual há menos de
três anos. Esse dado sugere
que, além da inclusão de novos
clientes, os brasileiros que já
possuíam planos têm trocado
de empresa com intensidade.
Do total de 37 milhões de beneficiários de assistência médica privada em dezembro de
2006 -não estão incluídos nessa conta os 7,8 milhões de planos exclusivamente odontológicos-, 19 milhões (ou 51% do
total) aderiram ao plano a partir de 2004, ou seja, num período de três anos ou menos.
Em 23% dos casos (8,6 milhões de beneficiários), o tempo de adesão não chega sequer
a um ano. O percentual dos que
estão há mais de dez anos no
mesmo plano é de apenas 15%.
Essa movimentação intensa
de um plano para outro é verificada tanto nos planos coletivos
(58% estão no plano há menos
de três anos) quanto nos individuais (44%).
Troca negativa
O diretor-presidente da ANS,
Fausto Pereira dos Santos, diz
que essa intensa troca de operadoras não é positiva: "Não esperávamos esse resultado e estamos tentando entendê-lo
melhor. Do ponto de vista da
assistência médica, isso não é
bom. Para quem pensa numa
operadora privada que projeta
e executa ações de prevenção,
essa mexida constante tem impacto negativo. A fidelização
dos clientes é boa para quem
compra o plano e para quem
presta o serviço".
Para ele, esse dado é mais
preocupante nos planos individuais porque, em coletivos, a
troca é mais comum. Isso porque uma empresa com plano
coletivo tem mais poder de barganha na hora de negociar preços com a operadora de saúde,
podendo migrar para outra
operadora.
Troca intensa
A comerciante aposentada
Luzia Tealdi, 64, retrata bem
essa intensa troca de planos.
Até 2001, ela e o marido não
possuíam plano de saúde. Graças a economias feitas pelo casal, eles conseguiram pagar um.
Em 2002, no entanto, ela trocou de plano em busca de um
menor preço. Porém, não gostou dos serviços e voltou ao plano inicial, pelo qual ela e o marido pagam R$ 1.150.
O engenheiro aposentado
Gilberto Patrício Ribeiro, 65,
também migrou de um plano
para outro em busca de melhores preços. "Eu já tive outros
planos de saúde. Os hospitais
públicos estão em estado de calamidade e, infelizmente, não
dá para ficar sem. O problema é
que é muito caro. Troquei de
plano há um ano porque esse
era mais barato", afirma ele,
que diz pagar mais de R$ 600
no plano atual.
Uma das razões para a intensa troca de operadoras pode ser
o elevado número de empresas
atuando no setor. Na avaliação
da ANS, o patamar de aproximadamente 1.700 empresas
para 45 milhões de beneficiários é alto. "Sabemos que há um
número muito grande de operadores com baixa capacidade
de arcar com os riscos. É por isso que a ANS está exigindo de
todas as empresas uma melhor
condição financeira", diz o diretor-presidente da agência.
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