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TRAGÉDIA NO ATLÂNTICO
230 km separam as trilhas de destroços
Ministro Nelson Jobim (Defesa) diz não haver dúvida de que ponto da queda do avião está em uma região próxima
Objetos identificados pelos aviões de busca deverão ser recolhidos hoje por navios da Marinha brasileira e levados para Noronha
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A FAB (Força Aérea Brasileira) identificou ontem, em duas
buscas diferentes, mais destroços do Airbus-A330 da Air
France, sendo uma peça metálica de 7 m de diâmetro e pelo
menos outros dez objetos.
As equipes de busca também
registraram uma mancha de
óleo com extensão de 20 km. "A
existência de manchas de óleo
pode, eventualmente excluir
incêndio, explosão", disse o ministro Nelson Jobim (Defesa).
A posição dos destroços, aliada ao estudo das correntezas do
Atlântico, pode levar ao ponto
exato em que o avião se chocou
com o mar.
Segundo Jobim, não há dúvida de que o avião caiu próximo
de onde foram achados os destroços -avistados a noroeste
do arquipélago de São Pedro e
São Paulo. As correntes marinhas estariam levando os destroços em direção ao arquipélago, disse o ministro.
Essa informação auxiliará na
busca por corpos, caixas-pretas
e pedaços da aeronave submersos, em especial as turbinas,
fundamentais à investigação.
Os destroços não foram recolhidos ontem, mas devem ser
retirados hoje por dois navios
da Marinha brasileira.
Como o óleo indica que a aeronave não sofreu uma grande
explosão durante o voo, é possível praticamente descartar a
hipótese de detonação nos tanques de combustível ou uma
explosão provocada por bomba. Se isso acontecesse, o querosene seria consumido no ar.
"Uma grande combustão certamente diminuiria a quantidade de combustível no mar",
afirma Ronaldo Jenkins, especialista em segurança de voo do
Snea (Sindicato Nacional das
Empresas Aeroviárias).
Durante a queda livre, geralmente, os aviões se desintegram, como aconteceu com o
Boeing da Gol que caiu na região amazônica, em 2006.
Os restos do avião achados na
madrugada de ontem estavam
em duas trilhas separadas entre si por 230 km e longe dos
primeiros destroços. À noite, a
FAB informou ter avistado novas peças do avião, mas não informou a localização delas.
As buscas agora estão concentradas num raio de 200 km
traçado a partir dos destroços
localizados no primeiro dia. A
FAB informou que os aviões
militares já percorreram uma
área de quase 177 mil km2, equivalente a duas vezes o Estado
de Pernambuco.
Principal evidência encontrada até aqui, a peça metálica
de 7 m pode ser parte da cauda
ou de uma lateral do avião, segundo as primeiras informações. A estrutura será fundamental para esclarecer que tipo
de avaria o Airbus sofreu.
Os destroços serão levados
para Fernando de Noronha e,
em seguida, para Recife. Segundo Jobim, as peças serão
entregues à França, país responsável pelas investigações.
Até a tarde de ontem, a FAB
continuava a trabalhar com a
hipótese de haver sobreviventes do voo. "Até que a aeronave
seja identificada e a análise dos
destroços indique que, com
aqueles impactos, é tecnicamente impossível ter sobrevivente, nós vamos sustentar o
salvamento", afirmou o subchefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, coronel Jorge Amaral.
Questionado sobre a possibilidade de haver sobreviventes,
Jobim disse que não trabalha
com hipóteses.
O ministro disse ainda que os
corpos podem demorar até seis
dias para voltar à superfície. Alguns, segundo Jobim, podem
nunca aparecer na superfície
da água. Procurá-los no fundo
não é uma possibilidade, disse.
Desde o dia seguinte ao sumiço do Airbus, a FAB vem
adotando um tom abaixo do
usado por Jobim. Antes da entrevista do ministro da Defesa,
o coronel Amaral declarou não
ser possível descartar a hipótese de explosão. "O óleo fica
dentro de tambores. Pode ser
que o tambor tenha caído inteiro", afirmou o coronel.
A FAB também disse ontem
que não era possível afirmar se
o Airbus estava fora da altitude
prevista no plano de voo.
O coronel disse que a modificação de nível de voo é "comum" em qualquer rota.
"Até onde o radar pegou, [o
avião] estava cumprindo o plano de voo perfeitamente."
Ontem, 11 aeronaves (incluindo um avião americano e
outro francês) participavam
das operações de busca, coordenando as ações dos navios
mercantes na procura por vítimas e destroços.
O navio-patrulha Grajaú, o
primeiro a sair da costa brasileira, na segunda-feira, chegou
ao local das buscas ontem pela
manhã. A previsão era que o segundo navio, uma corveta,
também chegasse ontem. O
terceiro navio, uma fragata, só
deve se aproximar da área hoje.
O Senegal já encerrou as buscas nas águas sob sua jurisdição. O avião francês que vasculhava a área passou a auxiliar as
buscas na região onde a FAB
trabalha.
(LARISSA GUIMARÃES, JOHANNA NUBLAT E ALAN GRIPP)
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