São Paulo, quinta-feira, 04 de junho de 2009

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TRAGÉDIA NO ATLÂNTICO

230 km separam as trilhas de destroços

Ministro Nelson Jobim (Defesa) diz não haver dúvida de que ponto da queda do avião está em uma região próxima

Objetos identificados pelos aviões de busca deverão ser recolhidos hoje por navios da Marinha brasileira e levados para Noronha


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A FAB (Força Aérea Brasileira) identificou ontem, em duas buscas diferentes, mais destroços do Airbus-A330 da Air France, sendo uma peça metálica de 7 m de diâmetro e pelo menos outros dez objetos.
As equipes de busca também registraram uma mancha de óleo com extensão de 20 km. "A existência de manchas de óleo pode, eventualmente excluir incêndio, explosão", disse o ministro Nelson Jobim (Defesa).
A posição dos destroços, aliada ao estudo das correntezas do Atlântico, pode levar ao ponto exato em que o avião se chocou com o mar.
Segundo Jobim, não há dúvida de que o avião caiu próximo de onde foram achados os destroços -avistados a noroeste do arquipélago de São Pedro e São Paulo. As correntes marinhas estariam levando os destroços em direção ao arquipélago, disse o ministro.
Essa informação auxiliará na busca por corpos, caixas-pretas e pedaços da aeronave submersos, em especial as turbinas, fundamentais à investigação. Os destroços não foram recolhidos ontem, mas devem ser retirados hoje por dois navios da Marinha brasileira.
Como o óleo indica que a aeronave não sofreu uma grande explosão durante o voo, é possível praticamente descartar a hipótese de detonação nos tanques de combustível ou uma explosão provocada por bomba. Se isso acontecesse, o querosene seria consumido no ar.
"Uma grande combustão certamente diminuiria a quantidade de combustível no mar", afirma Ronaldo Jenkins, especialista em segurança de voo do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias).
Durante a queda livre, geralmente, os aviões se desintegram, como aconteceu com o Boeing da Gol que caiu na região amazônica, em 2006.
Os restos do avião achados na madrugada de ontem estavam em duas trilhas separadas entre si por 230 km e longe dos primeiros destroços. À noite, a FAB informou ter avistado novas peças do avião, mas não informou a localização delas.
As buscas agora estão concentradas num raio de 200 km traçado a partir dos destroços localizados no primeiro dia. A FAB informou que os aviões militares já percorreram uma área de quase 177 mil km2, equivalente a duas vezes o Estado de Pernambuco.
Principal evidência encontrada até aqui, a peça metálica de 7 m pode ser parte da cauda ou de uma lateral do avião, segundo as primeiras informações. A estrutura será fundamental para esclarecer que tipo de avaria o Airbus sofreu.
Os destroços serão levados para Fernando de Noronha e, em seguida, para Recife. Segundo Jobim, as peças serão entregues à França, país responsável pelas investigações.
Até a tarde de ontem, a FAB continuava a trabalhar com a hipótese de haver sobreviventes do voo. "Até que a aeronave seja identificada e a análise dos destroços indique que, com aqueles impactos, é tecnicamente impossível ter sobrevivente, nós vamos sustentar o salvamento", afirmou o subchefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, coronel Jorge Amaral.
Questionado sobre a possibilidade de haver sobreviventes, Jobim disse que não trabalha com hipóteses.
O ministro disse ainda que os corpos podem demorar até seis dias para voltar à superfície. Alguns, segundo Jobim, podem nunca aparecer na superfície da água. Procurá-los no fundo não é uma possibilidade, disse.
Desde o dia seguinte ao sumiço do Airbus, a FAB vem adotando um tom abaixo do usado por Jobim. Antes da entrevista do ministro da Defesa, o coronel Amaral declarou não ser possível descartar a hipótese de explosão. "O óleo fica dentro de tambores. Pode ser que o tambor tenha caído inteiro", afirmou o coronel.
A FAB também disse ontem que não era possível afirmar se o Airbus estava fora da altitude prevista no plano de voo.
O coronel disse que a modificação de nível de voo é "comum" em qualquer rota.
"Até onde o radar pegou, [o avião] estava cumprindo o plano de voo perfeitamente."
Ontem, 11 aeronaves (incluindo um avião americano e outro francês) participavam das operações de busca, coordenando as ações dos navios mercantes na procura por vítimas e destroços.
O navio-patrulha Grajaú, o primeiro a sair da costa brasileira, na segunda-feira, chegou ao local das buscas ontem pela manhã. A previsão era que o segundo navio, uma corveta, também chegasse ontem. O terceiro navio, uma fragata, só deve se aproximar da área hoje.
O Senegal já encerrou as buscas nas águas sob sua jurisdição. O avião francês que vasculhava a área passou a auxiliar as buscas na região onde a FAB trabalha. (LARISSA GUIMARÃES, JOHANNA NUBLAT E ALAN GRIPP)


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