|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRAGÉDIA NO ATLÂNTICO
França se diz pouco otimista sobre apuração
Equipe que investiga sumiço do Airbus já cogita hipótese de trabalhar sem as caixas-pretas e diz que solução levará tempo
Para o diretor do grupo, principais obstáculos para localizar destroços da aeronave são as condições geográficas da região
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
As chances de encontrar as
caixas-pretas do voo AF 447
são pequenas e, se forem achadas, existe a possibilidade de
que não sejam úteis para identificar as causas do acidente.
Paul-Louis Arslanian, diretor do BEA (Escritório de Investigação e Análise), ligado ao
Ministério dos Transportes
francês -que analisa o histórico da aeronave acidentada-,
diz estar pouco otimista.
"Teremos que tentar identificar as caixas-pretas, mas temos que nos preparar para trabalhar sem elas", disse.
Para o diretor do BEA, um
dos principais obstáculos para
a localização dos destroços da
aeronave são as condições geográficas da região.
Ele diz que partes importantes do avião, como as caixas
com gravações de conversas
dos pilotos, devem estar em local "profundo e montanhoso"
do oceano Atlântico.
Segundo o BEA, há quatro
equipes de investigação.
O Brasil participa da fase de
localização dos destroços e dos
resgates. As demais etapas -a
identificação e a análise dos
componentes do avião achados
no mar- são de responsabilidade da França.
"Não sei o que vamos encontrar, quanto tempo nos custará,
mas não posso excluir a hipótese de uma resposta insatisfatória", disse o diretor do BEA.
Relatório
Alain Bouillard, investigador
do BEA, disse que um relatório
com o andamento das investigações deverá ser divulgado pelo órgão no final deste mês.
Ainda que as autoridades
francesas estejam no início das
buscas, o investigador afirmou
que o avião estava em boas condições, e que não havia nenhum
sinal de anomalia antes do voo.
Já sobre as mensagens automáticas, que indicariam pane
elétrica e despressurização do
aparelho, o BEA informou que
é cedo para fazer uma análise
desses elementos.
Tanto a Air France quanto a
Airbus, fabricante do avião, estão envolvidas no processo.
No entanto, em nota, a Airbus disse que: "A investigação
continua sendo da total responsabilidade das autoridades
competentes e seria inapropriado para a Airbus entrar em
qualquer tipo de especulação
sobre as causas do acidente".
Em acidentes ocorridos em
águas internacionais, cabe ao
Estado onde o avião está registrado assumir a responsabilidade pelas investigações -no
caso, a França.
Robô submarino
Para tentar localizar e resgatar as caixas-pretas, o BEA contratou os serviços da empresa
francesa ACSA.
A ACSA é especializada na localização submarina de objetos
por meio de GPS. Yann Lepage,
responsável pelo departamento de robótica da empresa, diz
que a tecnologia usada pelos
equipamentos é capaz de localizar caixas-pretas em uma profundidade de até 3.000 metros.
Em 2006, a companhia localizou as caixas-pretas de um
Airbus-A320 da companhia aérea Armavia. A aeronave caiu
no dia 3 de maio daquele ano no
Mar Negro.
Texto Anterior: Base em Fernando de Noronha concentrará serviço de perícia Próximo Texto: Para Airbus, acidente é um quebra-cabeça Índice
|