São Paulo, quinta-feira, 04 de junho de 2009

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TRAGÉDIA NO ATLÂNTICO

França se diz pouco otimista sobre apuração

Equipe que investiga sumiço do Airbus já cogita hipótese de trabalhar sem as caixas-pretas e diz que solução levará tempo

Para o diretor do grupo, principais obstáculos para localizar destroços da aeronave são as condições geográficas da região


CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

As chances de encontrar as caixas-pretas do voo AF 447 são pequenas e, se forem achadas, existe a possibilidade de que não sejam úteis para identificar as causas do acidente.
Paul-Louis Arslanian, diretor do BEA (Escritório de Investigação e Análise), ligado ao Ministério dos Transportes francês -que analisa o histórico da aeronave acidentada-, diz estar pouco otimista.
"Teremos que tentar identificar as caixas-pretas, mas temos que nos preparar para trabalhar sem elas", disse.
Para o diretor do BEA, um dos principais obstáculos para a localização dos destroços da aeronave são as condições geográficas da região.
Ele diz que partes importantes do avião, como as caixas com gravações de conversas dos pilotos, devem estar em local "profundo e montanhoso" do oceano Atlântico.
Segundo o BEA, há quatro equipes de investigação.
O Brasil participa da fase de localização dos destroços e dos resgates. As demais etapas -a identificação e a análise dos componentes do avião achados no mar- são de responsabilidade da França.
"Não sei o que vamos encontrar, quanto tempo nos custará, mas não posso excluir a hipótese de uma resposta insatisfatória", disse o diretor do BEA.

Relatório
Alain Bouillard, investigador do BEA, disse que um relatório com o andamento das investigações deverá ser divulgado pelo órgão no final deste mês.
Ainda que as autoridades francesas estejam no início das buscas, o investigador afirmou que o avião estava em boas condições, e que não havia nenhum sinal de anomalia antes do voo.
Já sobre as mensagens automáticas, que indicariam pane elétrica e despressurização do aparelho, o BEA informou que é cedo para fazer uma análise desses elementos.
Tanto a Air France quanto a Airbus, fabricante do avião, estão envolvidas no processo.
No entanto, em nota, a Airbus disse que: "A investigação continua sendo da total responsabilidade das autoridades competentes e seria inapropriado para a Airbus entrar em qualquer tipo de especulação sobre as causas do acidente".
Em acidentes ocorridos em águas internacionais, cabe ao Estado onde o avião está registrado assumir a responsabilidade pelas investigações -no caso, a França.

Robô submarino
Para tentar localizar e resgatar as caixas-pretas, o BEA contratou os serviços da empresa francesa ACSA.
A ACSA é especializada na localização submarina de objetos por meio de GPS. Yann Lepage, responsável pelo departamento de robótica da empresa, diz que a tecnologia usada pelos equipamentos é capaz de localizar caixas-pretas em uma profundidade de até 3.000 metros.
Em 2006, a companhia localizou as caixas-pretas de um Airbus-A320 da companhia aérea Armavia. A aeronave caiu no dia 3 de maio daquele ano no Mar Negro.


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