São Paulo, quinta-feira, 04 de junho de 2009

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TRAGÉDIA NO ATLÂNTICO

Culto reúne milhares na catedral de Paris

Notre-Dame lota para homenagem às vítimas do acidente com voo da Air France

Ato reuniu lideranças políticas, como o presidente Nicolas Sarkozy, além de parentes e amigos de passageiros e funcionários da companhia


MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Com um disputado culto multirreligioso que reuniu milhares de pessoas na catedral de Notre-Dame, em Paris, a França homenageou de forma emotiva e com alta representação política as vítimas do voo 447.
Por cerca de uma hora, a agitação em torno de uma das principais atrações turísticas de Paris foi trocada ontem por um tom solene, enquanto parentes e amigos de passageiros, autoridades e centenas de funcionários da Air France davam adeus aos ocupantes do voo.
Os organizadores calcularam que cerca de 4.000 pessoas acompanharam a cerimônia, dentro e fora da catedral.
Entre os presentes ao culto estavam o presidente da França, Nicolas Sarkozy, a primeira-dama, Carla Bruni, e o ex-presidente Jacques Chirac. Diante do público que lotou a catedral, 228 velas foram acesas, lembrando as pessoas a bordo.
Pouco antes das 16h (11h de Brasília), os sinos da Notre-Dame anunciaram o início da cerimônia. Ela foi aberta com uma mensagem do papa Bento 16, lida pelo arcebispo de Paris, André Vingt-Trois, na qual o pontífice disse estar "espiritualmente com as vítimas".
Um forte esquema de segurança isolou a catedral, na qual só pessoas com crachás da Air France ou com o nome incluído numa lista elaborada pela empresa foram autorizadas a entrar. A imprensa não teve acesso ao interior da catedral nem aos parentes dos passageiros.
Alguns brasileiros conseguiram superar a segurança ao dizer que conheciam as vítimas -entre eles, um grupo de amigas do maestro Silvio Barbato, passageiro do voo.
"Estava em Barcelona quando soube da tragédia e decidi prestar esta última homenagem", contou Jô Abdu, que trabalhou com Barbato no Municipal do Rio.
O arcebispo de Paris leu ainda um trecho de "O Pequeno Príncipe", do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, que também desapareceu em um acidente aéreo sobre o mar.
O momento mais emocionante para os brasileiros foi a leitura de um poema do brasileiro Ademar de Barros. O escolhido para a tarefa foi o comissário de bordo carioca Marcel Chapman, que revelou ter sido traído pela emoção ao recitar os versos de "Passos na Areia".
"Quase engasguei", disse Marcel. Funcionário da Air France há sete anos, ele trabalha em voos de Paris para Rio e SP ao menos duas vezes por mês, o que aumentou a emoção ao lembrar dos amigos perdidos no acidente.
Funcionários da empresa foram em massa ao culto. De uniforme, não conseguiam disfarçar o choque. "Perdi duas grandes amigas", chorava a comissária Charlésia Abderrcheman.
O consulado brasileiro em Paris informou que o chanceler francês, Bernard Kuchner, estará no culto previsto para hoje, às 10h, na Candelária, no Rio. Amanhã, às 18h, a Arquidiocese do Rio fará na paróquia de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé (centro) uma missa em solidariedade aos parentes.


Colaborou a Sucursal do Rio


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