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TRAGÉDIA NO ATLÂNTICO
Culto reúne milhares na catedral de Paris
Notre-Dame lota para homenagem às vítimas do acidente com voo da Air France
Ato reuniu lideranças políticas, como o presidente Nicolas Sarkozy, além de parentes e amigos de passageiros e funcionários da companhia
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
Com um disputado culto
multirreligioso que reuniu milhares de pessoas na catedral de
Notre-Dame, em Paris, a França homenageou de forma emotiva e com alta representação
política as vítimas do voo 447.
Por cerca de uma hora, a agitação em torno de uma das
principais atrações turísticas
de Paris foi trocada ontem por
um tom solene, enquanto parentes e amigos de passageiros,
autoridades e centenas de funcionários da Air France davam
adeus aos ocupantes do voo.
Os organizadores calcularam
que cerca de 4.000 pessoas
acompanharam a cerimônia,
dentro e fora da catedral.
Entre os presentes ao culto
estavam o presidente da França, Nicolas Sarkozy, a primeira-dama, Carla Bruni, e o ex-presidente Jacques Chirac. Diante
do público que lotou a catedral,
228 velas foram acesas, lembrando as pessoas a bordo.
Pouco antes das 16h (11h de
Brasília), os sinos da Notre-Dame anunciaram o início da cerimônia. Ela foi aberta com uma
mensagem do papa Bento 16, lida pelo arcebispo de Paris, André Vingt-Trois, na qual o pontífice disse estar "espiritualmente com as vítimas".
Um forte esquema de segurança isolou a catedral, na qual
só pessoas com crachás da Air
France ou com o nome incluído
numa lista elaborada pela empresa foram autorizadas a entrar. A imprensa não teve acesso ao interior da catedral nem
aos parentes dos passageiros.
Alguns brasileiros conseguiram superar a segurança ao dizer que conheciam as vítimas
-entre eles, um grupo de amigas do maestro Silvio Barbato,
passageiro do voo.
"Estava em Barcelona quando soube da tragédia e decidi
prestar esta última homenagem", contou Jô Abdu, que trabalhou com Barbato no Municipal do Rio.
O arcebispo de Paris leu ainda um trecho de "O Pequeno
Príncipe", do escritor francês
Antoine de Saint-Exupéry, que
também desapareceu em um
acidente aéreo sobre o mar.
O momento mais emocionante para os brasileiros foi a
leitura de um poema do brasileiro Ademar de Barros. O escolhido para a tarefa foi o comissário de bordo carioca Marcel
Chapman, que revelou ter sido
traído pela emoção ao recitar os
versos de "Passos na Areia".
"Quase engasguei", disse
Marcel. Funcionário da Air
France há sete anos, ele trabalha em voos de Paris para Rio e
SP ao menos duas vezes por
mês, o que aumentou a emoção
ao lembrar dos amigos perdidos no acidente.
Funcionários da empresa foram em massa ao culto. De uniforme, não conseguiam disfarçar o choque. "Perdi duas grandes amigas", chorava a comissária Charlésia Abderrcheman.
O consulado brasileiro em
Paris informou que o chanceler
francês, Bernard Kuchner, estará no culto previsto para hoje,
às 10h, na Candelária, no Rio.
Amanhã, às 18h, a Arquidiocese
do Rio fará na paróquia de Nossa Senhora do Carmo da Antiga
Sé (centro) uma missa em solidariedade aos parentes.
Colaborou a Sucursal do Rio
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