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FHC cria secretaria
para combater drogas
WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso anuncia segunda-feira, em Nova York, a criação da Secretaria Nacional Antidrogas
(SNA), que ficará subordinada diretamente a ele.
FHC quer dar novo status à
questão, hoje tratada pelo segundo e terceiro escalões do governo.
Ele estará nos Estados Unidos
participando da 20ª Assembléia
Especial da ONU (Organização
das Nações Unidas), cujo tema será drogas. Com o anúncio, o Brasil
entra no rol dos países que criaram agências especiais para combater o narcotráfico.
"A questão do narcotráfico não
é apenas um crime, ela ameaça toda a estrutura da sociedade", disse à Folha o general Alberto Cardoso, ministro-chefe da Casa Militar da Presidência, que há três meses vem elaborando a estrutura da
SNA, a pedido do presidente.
"Hoje não se pode pensar o
combate às drogas apenas dentro
das nossas fronteiras. O problema
é maior que isso, desrespeita autoridades, fronteiras e a sociedade."
A SNA foi criada aos moldes
norte-americanos. Nos EUA, o escritório de controle às drogas está
ligado diretamente ao presidente
Bill Clinton e é chefiado pelo general Barry McCaffrey.
A filosofia de criação da SNA levou em conta três pontos: a prevenção ao uso de drogas, a recuperação de drogados e a repressão ao
narcotráfico. "Não vai diferir do
trabalho desenvolvido hoje pelo
Confen (Conselho Federal de Entorpecentes), do Ministério da
Justiça", disse Cardoso.
Segundo o ministro, a decisão de
elevar o status do trabalho atual
do Confen busca dar poderes para
efetivamente coordenar as ações
do governo na área.
Hoje, por exemplo, as ações antidrogas estão dispersas em 14 ministérios, sem contar o trabalho de
órgãos como a Polícia Federal,
que tem uma divisão só para a repressão a entorpecentes.
Além disso, o secretário terá a
tarefa de trabalhar com as secretarias estaduais da Saúde e de Segurança Pública. "Hoje há Estados
nos quais de 80% a 90% dos crimes graves estão relacionados
com o uso de drogas", disse.
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