São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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FHC cria secretaria para combater drogas

WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso anuncia segunda-feira, em Nova York, a criação da Secretaria Nacional Antidrogas (SNA), que ficará subordinada diretamente a ele.
FHC quer dar novo status à questão, hoje tratada pelo segundo e terceiro escalões do governo.
Ele estará nos Estados Unidos participando da 20ª Assembléia Especial da ONU (Organização das Nações Unidas), cujo tema será drogas. Com o anúncio, o Brasil entra no rol dos países que criaram agências especiais para combater o narcotráfico.
"A questão do narcotráfico não é apenas um crime, ela ameaça toda a estrutura da sociedade", disse à Folha o general Alberto Cardoso, ministro-chefe da Casa Militar da Presidência, que há três meses vem elaborando a estrutura da SNA, a pedido do presidente.
"Hoje não se pode pensar o combate às drogas apenas dentro das nossas fronteiras. O problema é maior que isso, desrespeita autoridades, fronteiras e a sociedade."
A SNA foi criada aos moldes norte-americanos. Nos EUA, o escritório de controle às drogas está ligado diretamente ao presidente Bill Clinton e é chefiado pelo general Barry McCaffrey.
A filosofia de criação da SNA levou em conta três pontos: a prevenção ao uso de drogas, a recuperação de drogados e a repressão ao narcotráfico. "Não vai diferir do trabalho desenvolvido hoje pelo Confen (Conselho Federal de Entorpecentes), do Ministério da Justiça", disse Cardoso.
Segundo o ministro, a decisão de elevar o status do trabalho atual do Confen busca dar poderes para efetivamente coordenar as ações do governo na área.
Hoje, por exemplo, as ações antidrogas estão dispersas em 14 ministérios, sem contar o trabalho de órgãos como a Polícia Federal, que tem uma divisão só para a repressão a entorpecentes.
Além disso, o secretário terá a tarefa de trabalhar com as secretarias estaduais da Saúde e de Segurança Pública. "Hoje há Estados nos quais de 80% a 90% dos crimes graves estão relacionados com o uso de drogas", disse.



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