São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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NANISMO
Pesquisadores vão tentar descobrir o defeito genético que causa problema; pesquisa pode ajudar a criar droga antivelhice
EUA vão estudar grupo de anões de MG

LUCIA MARTINS
da Reportagem Local

Pesquisadores da Universidade Vanderbilt (EUA) e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo se reuniram para estudar o defeito genético que afeta uma família de anões na cidade mineira de Desterro de Melo.
São 13 pessoas com idades entre 15 e 30 anos que não produzem hormônio de crescimento e, por isso, não ultrapassam 1,15 m de altura. O problema é resultado de uma grande quantidade de casamentos consanguíneos na cidade, localizada a 40 km de Barbacena.
Esses anões fazem parte de uma família com cerca de 50 integrantes. Apesar de haver apenas 13 afetados, os outros integrantes podem ter o gene defeituoso. Mas, como o gene é recessivo, o nascimento de um anão só é possível quando o pai e a mãe têm o gene.
A especialista em biologia molecular Joy Cogan, da Universidade Vanderbilt, está analisando várias amostras de sangue dos anões para tentar descobrir qual o gene afetado e que defeito ele tem.
Encontrando o gene defeituoso, será possível definir novos tratamentos para o grupo. Hoje, o indicado é que as pessoas que têm esse tipo de nanismo tomem doses diárias de hormônio de crescimento.
O resultado é positivo e já fez com que dois (que tomaram o hormônio sem interrupção) dos 13 anões da região crescessem 9 cm e 14 cm por ano.
Não há hoje precisão sobre que doses de hormônio utilizar. Mas, sabendo a causa do problema, será possível dar doses mais adequadas e até "consertar" o defeito, fazendo com que eles voltem a produzir seus próprios hormônios.
"Essa será, com certeza, uma forma mais saudável de resolver o problema", afirma Joy.
Outra característica desses anões é que eles também são incapazes de produzir outros hormônios relacionados à fertilidade. Por isso, eles não têm puberdade e não podem se reproduzir. O aparecimento de novos casos é consequência de casamentos entre pessoas com altura normal, mas que têm o gene defeituoso.

Futuro
Não são apenas os anões os possíveis beneficiados com esses estudos, mas toda a população. Estudos feitos no mundo todo mostram que o uso de hormônio de crescimento pode ajudar a atrasar o processo de envelhecimento.
Na velhice, as pessoas param de produzir o hormônio, que é essencial para evitar a "corrosão" dos ossos, músculos etc.
A solução seria prescrever os hormônios para os idosos. O problema é que, para isso, é necessário saber que doses usar e conhecer melhor os possíveis efeitos colaterais dessa nova terapia.



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