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STJ investiga venda de sentenças
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A corte especial do Superior
Tribunal de Justiça está investigando o suposto envolvimento de
nove desembargadores do Tribunal de Justiça do Amazonas em
um esquema de venda de sentenças ao Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários
de Manaus. A investigação tem
como base a notícia-crime aberta
em novembro do ano passado pela subprocuradora-geral da República Delza Curvello Rocha.
Os nove desembargadores acusados diretamente e mais cinco,
incluindo o atual presidente do
TJ, Djalma Martins da Costa, receberam em maio solicitação do
STJ para apresentarem defesa.
Seis líderes do sindicato e o advogado Abdalla Sahdo Júnior haviam sido ouvidos na Polícia Federal. Nos depoimentos, os sindicalistas afirmam que desembolsaram R$ 137 mil para pagar as sentenças entre 1996 e 2001.
O sindicalista Manoel Lima
Santana, 65, descreveu um vaivém de sentenças e contra-sentenças para manter seu grupo na
diretoria do sindicato. Ele disse
que tomou conhecimento do comércio de liminares em 96 ao receber a prestação de contas da
gestão anterior, de Francisco Pedro Amaral. "Na relação constava
R$ 20 mil a serem pagos ao desembargador Ubirajara Francisco
de Moraes. Com o dinheiro, o desembargador não despacharia liminares contra minha diretoria."
Santana diz que pagou a primeira parcela de R$ 4.000 em 96. Uma
outra teria sido paga em 99. "Entregamos o dinheiro nas mãos do
desembargador, mas, por não ter
recebido o restante das parcelas,
ele exonerou a minha diretoria."
Para retornar ao sindicato, Santana afirma que pagou R$ 45 mil.
"O despacho do desembargador Neuzimar Pinheiro custou R$
40 mil e mais R$ 5.000 ao advogado Francisco M. do Nascimento."
Para se manter na presidência,
Santana diz que fez acordos. Ele
citou os nomes da juíza Joana dos
S. Meirelles, do advogado José
Carlos Marinho e do desembargador Manoel Mello Damasceno.
O sindicalista João Rocha, 46,
disse que o juiz Ruy Morato revogou uma liminar após pagamento
de R$ 10 mil. Ele citou como envolvida a advogada Maria do Perpétuo Socorro Lopes Colares.
Outro sindicalista, Herivelto
Soares da Silva, 44, citou o desembargador Gaspar Catunda de
Souza e seu irmão Cláudio Catunda numa exigência de R$ 20 mil
para julgar um processo. "O sindicato não concordou em pagar."
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