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Decreto de Kassab irá favorecer bingos em SP
Casas que operam por meio de liminar poderão obter alvará de funcionamento
CPI tinha dado prazo até
o dia 5 de agosto para que
esses estabelecimentos comprovassem ter
a documentação
FABIO SCHIVARTCHE
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após um lobby de representantes dos donos de bingos, o
prefeito Gilberto Kassab (PFL)
baixou um decreto, na semana
passada, que facilita a obtenção
de alvarás de funcionamento a
cerca de 120 casas de bingo que
operam na cidade de São Paulo
sob efeito de decisões judiciais.
Hoje, nenhuma casa tem alvará, segundo o Sebesp (Sindicato das Empresas de Bingo do
Estado de São Paulo). Ou seja,
do ponto de vista da prefeitura,
são todas clandestinas.
O decreto surgiu dias após
uma conversa reservada entre
um dos principais secretários
de Kassab -Aloysio Nunes
Ferreira (Governo), seu articulador político- com vereadores que representam bingos.
A negociação ocorreu no momento em que a CPI do Licenciamento da Câmara Municipal começou a notificar os bingos a comprovar que têm documentação regular, incluindo alvará. A CPI abriu prazo até 5 de
agosto para que os bingos entreguem os documentos. Depois, serão fiscalizados.
Hoje, estão amparadas por liminares da Justiça 60% das casas da capital (cerca de 200)
-apesar de a legislação federal
proibir os bingos no país desde
1º de janeiro de 2003.
"A maioria dos bingos paga
seus impostos em dia e já fez todas as vistorias necessárias, como a dos bombeiros. Mas a prefeitura não dá a licença", diz a
presidente do Sebesp, a vereadora Bilu Villela (PTB). Segundo ela, o setor ficou ""satisfeito"
com o decreto do prefeito.
Outro vereador que advoga
pela legalização dos bingos,
Paulo Frange (PTB) diz que o
decreto é um avanço. "O fiscal
tinha dúvida na hora de dar o
alvará, pois alguns bingos tinham a liminar, mas a lei federal impedia o funcionamento."
Regras
O texto é, juridicamente,
mais restritivo do que a legislação anterior. Permite que a prefeitura dê alvará apenas para
casas que possuam decisões judiciais para se manterem abertas. O decreto anterior falava
genericamente em alvarás para
bingos. Mas, com base na legislação federal, que considera a
atividade ilícita, os alvarás não
vinham sendo concedidos.
Na prática, o novo decreto
permitirá que os 120 bingos
com liminares requeiram novamente os alvarás -desde que
apresentem atestados de segurança e todos os outros requerimentos legais exigidos pela
prefeitura para o funcionamento de casas comerciais.
A administração Kassab nega
que a nova legislação facilite a
obtenção do alvará. Alega que,
após a concessão da licença de
funcionamento, a Procuradoria Geral do Município recorrerá contra as liminares que mantêm essas casas abertas (leia
texto nesta página).
O relator da CPI do Licenciamento, Adilson Amadeu (PTB),
disse que, em vista da coincidência entre o decreto e as atividades da comissão, pretende
convidar o secretário dos Negócios Jurídicos da prefeitura,
Luís Antônio Marrey, pois "ele
precisa explicar o que mudou".
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