|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Detran era uma das origens das informações
Revelação é do dono da empresa, que diz ter policiais do Deic como clientes
Promotores acreditam que os policiais usavam os dados não para tarefas oficiais, mas aparentemente
para realizar extorsões
DA REPORTAGEM LOCAL
Parte dos dados vendidos no
site da AP Informação era obtida no Detran (Departamento
Estadual de Trânsito), e muitos
dos clientes da empresa eram
policiais do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), segundo declarações prestadas pelo dono
da empresa, Alexandre Peric
Teixeira, aos policiais.
Os promotores acreditam
que os policiais do Deic usavam
os dados não para suas tarefas
oficiais, mas aparentemente
para realizar extorsões.
De acordo com o promotor
Luiz Henrique Dal Poz, um dos
que atuam no caso, o trabalho
do Ministério Público agora é
tentar identificar as pessoas
que abasteceram o banco de dados. Em princípio, para ele, são
funcionários de vários departamentos públicos.
O segundo passo da investigação será apurar se algum levantamento feito pelo site foi
realmente utilizado para atividades criminosas.
Dal Poz informou que, em
princípio, tanto o empresário
Alexandre Teixeira quanto
quem o abasteceu com as informações cometeram dois crimes
-violação de dados sigilosos e
violação de informações sigilosas do sistema financeiro.
O promotor informou que
ainda não tem convicção formada se os usuários do site cometeram alguma irregularidade, o que dependeria de investigação para saber como os dados
foram utilizados.
O Ministério Público diz ter
conhecimento de que outros sites vendem informações semelhantes e estuda o que fará. Não
está definido, porém, se haverá
uma investigação ampla para
fechar esses outros sites.
O mais provável é tentar
identificar os fornecedores na
fonte -os funcionários de órgãos públicos detentores dos
dados sigilosos. Ao retirá-los
dos cargos, acreditam os promotores, o vazamento de cadastros fica mais difícil.
No depoimento de ontem,
Alexandre Teixeira disse que
não tem contato com nenhum
órgão público e que compra as
informações de outras empresas. Por isso, não acreditava estar infringindo nenhuma lei.
De acordo com o promotor, o
acesso de informações financeiras só é legal em dois casos:
entre bancos, para completar
transações financeiras, e quando é preciso acessar dados de
inadimplência e cheque sem
fundos, regras essas estabelecidas pelo Banco Central.
Para Dal Poz, a alegação do
empresário de que não sabia
que esse tipo de comércio de informação é crime não o livra de
responsabilidade.
Dono bloqueado
Durante a investigação do
Ministério Público, iniciada em
abril deste ano, todos os nomes
pesquisados pelos promotores
no site da AP Informação tiveram informações importantes
reveladas.
Em apenas um nome, os promotores não tiveram sucesso:
Alexandre Peric Teixeira, o dono da empresa. "O nome dele
aparecia bloqueado", disse Dal
Poz. "No meu nome, aparece
até o telefone da minha mãe",
afirmou o promotor.
A empresa, de acordo com a
Promotoria, funciona desde
2000. No registro na internet, o
www.apinformacao.com.br teve seu cadastro efetivado em
outubro de 2001 -está registrado no nome de Teixeira. A
empresa também aparece como www.apsystems.com.br.
Texto Anterior: Site vendia dados pessoais e sigilosos Próximo Texto: Outro lado: Proprietário da empresa não se manifesta Índice
|