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Argentina tem 100 mil infectados, estima ministro
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
As restrições a atividades se
multiplicaram na Argentina
nesta semana em razão do
avanço da epidemia de gripe A
(H1N1), que passou a ser vista
como ameaça por todo o país.
O ministro da Saúde, Juan
Manzur, afirmou que desde
maio há registro de 110 mil casos de gripe, sem especificar o
tipo. Disse, contudo, que 85% a
90% dos vírus que circulam hoje no país são do tipo A -o que
significa 100 mil casos estimados, número superior ao de
confirmados em todo o mundo,
que ontem chegou a 89.966.
Na Argentina, segundo o ministro, estão confirmados
2.800 casos e 44 mortes.
O país inteiro suspendeu aulas, adiantando as férias de 11
milhões de alunos. A Justiça
antecipou o recesso e o governo
federal deu licença de 15 dias a
grávidas e trabalhadores vulneráveis, como portadores de câncer, dos setores público e privado. Quem tenha parente infectado também será liberado.
A cada dia há mais cancelamentos de eventos públicos. O
principal prêmio da TV argentina foi adiado, a feira do livro
infantil de Buenos Aires foi
cancelada e a liga nacional de
rugby -esporte muito popular
no país- suspendeu atividades.
A cidade e a Província de Buenos Aires, que concentram 85%
dos casos, declararam emergência sanitária -medida que
desburocratiza o uso de verbas.
Na região, há transmissão sustentada do vírus e faltam máscaras e álcool nas farmácias.
As restrições de atividades
começaram um dia após as eleições legislativas nacionais, que
reuniram no domingo 20 milhões de pessoas em 13,2 mil locais de votação, em uma potencial fonte de contágio.
Na segunda-feira, a então ministra da Saúde pediu demissão. Soube-se depois que ela recomendara o adiamento das
eleições. Ontem, a diretora da
Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), a argentina
Mirta Roses, vinculou as eleições ao aumento de casos.
O governo federal é questionado na imprensa por suposta
demora na adoção das medidas
restritivas. Críticos dizem que
o governo quis evitar o custo
político de declarar emergência
nacional e adiar a votação.
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