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HIGIENE
Promotor pede fim de distribuição
Prefeitura dá leite com coliforme fecal em SP
CIBELE BARBOSA
da Folha Ribeirão
Laudo do Instituto Adolfo Lutz
de Ribeirão Preto (319 quilômetros de São Paulo) constatou que o
leite distribuído gratuitamente pela Prefeitura de Santa Rosa do Viterbo (305 quilômetros de São
Paulo) é impróprio para o consumo humano.
O leite é consumido desde abril
de 1996 por pelo menos 2.000 pessoas todos os dias -o que equivale a 10% da população da cidade. A
prefeitura entrega o produto para
cerca de 500 famílias de baixa renda.
Bactérias
Foram encontradas bactérias do
grupo coliforme fecal em quantidade de 4,3 coliformes por mililitro no leite consumido pela população. O tolerável, de acordo com
o Instituto Adolfo Lutz, é 1 coliforme por mililitro.
As condições de pasteurização
do leite, comprado pela prefeitura
de 12 produtores rurais e processado em uma "vaca mecânica",
também foram consideradas irregulares em outro laudo, feito pela
Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento de São Paulo.
De acordo com o laudo da secretaria, as irregularidades são as seguintes: as instalações favorecem a
entrada de animais domésticos,
não há área para recepção do leite,
não há bloqueio sanitário para higienização dos funcionários que
trabalham no local, a temperatura
do leite na máquina é inadequada
e o processo de embalagem e estocagem é irregular.
O promotor de Santa Rosa,
Aroldo Costa Filho, que requisitou os exames, determinou anteontem a suspensão imediata da
distribuição do leite.
"O prefeito e o secretário da
Saúde foram oficiados. Caso descumpram a requisição, eu vou encaminhar o caso à Justiça para incriminá-los judicialmente", afirmou o promotor.
Doenças
De acordo com o próprio secretário da Saúde, Luiz Sborgia, que é
médico, o consumo do leite sem
pasteurização pode transmitir
doenças como febre aftosa, botulismo, tuberculose, estomatite e
infecções do aparelho digestivo,
levando à desidratação.
Antes de ser processado na "vaca mecânica", o leite era distribuído in natura para as 500 famílias.
A dona-de-casa Neusa Vaz de
Oliveira disse que parou de pegar
o leite distribuído pela prefeitura
há mais de um mês por ordens
médicas, depois que ela e seu filho
Rafael, 7, tiveram feridas nos lábios e na mucosa bucal.
"Foi só parar de tomar o leite e
fazer o tratamento que nós não tivemos mais feridas", disse a dona-de-casa.
A chefe da seção de Microbiologia Alimentar do Instituto Adolfo
Lutz, Dilma Gelli, disse que, após
ser retirado da vaca, o leite deve
ser resfriado, pasteurizado e refrigerado para não atrair bactérias.
A prefeitura fará licitação para a
compra do leite pasteurizado para
distribuição às famílias carentes.
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